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Mãe culpa juíza e delegado por gravidez de presa em MG

Por Eduardo Kattah
Atualização:

A dona de casa Soraia Ferreira, mãe da adolescente de 16 anos que engravidou no período em que estava apreendida na delegacia de Pedra Azul, Minas Gerais, cobrou hoje a responsabilidade do delegado Cléber José Tevidor da Silva e da juíza Arlete da Silva Coura, da comarca, pelo episódio. Soraia, de 44 anos, alegou que foi convencida da necessidade da internação da filha diante do argumento de que a medida contribuiria para sua recuperação. "A culpa disso é do delegado, que é quem comanda a cadeia, e da juíza também", disse Soraia. "Ela (a juíza) falou que ia deixar ela lá (na cela) 45 dias até que saísse uma vaga no internato. Com 45 dias, esperei ela sair, mas acabou ficando seis meses. A juíza disse que ia deixar minha filha lá para ela sair da rua, para não arranjar uma gravidez indesejada e nenhum outro tipo de doença. Disse que era bom para ela, para ela consertar, ser outra pessoa. Eu acreditei", disse a dona de casa. A menor A.F.M. foi apreendida com outras duas adolescentes no dia 15 de maio do ano passado. Na cadeia, manteve relações com um preso pela grade da cela. No período em que esteve na delegacia, a adolescente permaneceu numa cela separada dos presos. A gravidez, atualmente no quarto mês de gestação, foi constatada por exames laboratoriais no dia 5 de dezembro, quando ela foi transferida para o Centro de Reeducação Social São Jerônimo, em Belo Horizonte. Namoro A juíza Arlete Coura, por meio do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado, divulgou uma nota na qual afirma que Soraia relatou em juízo que tinha conhecimento sobre o "namoro" de sua filha e disse que A.F.M. havia, inclusive, solicitado anticoncepcionais à mãe. "Apesar disso, nenhum dos envolvidos procurou o Judiciário, o Ministério Público ou a Polícia Civil, para informação sobre a situação até o anúncio da gravidez". Soraia nega que soubesse do relacionamento dentro da cadeia. Segundo a Secretaria de Defesa Social, o delegado não se pronunciou sobre o caso.

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