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Mãe se matricula em escola para acompanhar filha no RJ

Por PEDRO DANTAS
Atualização:

Pais, professores e psicólogos tiveram hoje, durante uma reunião para preparar o retorno das atividades da Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma amostra da difícil tarefa de convencer os alunos a retomar a rotina, após o massacre da semana passada. Muitos jovens matriculados no turno da manhã, que presenciaram a matança, estão traumatizados e não querem voltar ao colégio.A escola marcou o retorno dos alunos do turno da tarde para a próxima segunda-feira, às 13 horas. O turno da manhã, formado por estudantes que presenciaram o ataque, só voltará às aulas no dia seguinte. A Guarda Municipal vai manter um agente na porta do colégio durante os três turnos, e um carro da Polícia Militar já está de guarda no local.O medo das crianças alterou a rotina de várias famílias. A costureira Rosângela da Costa Cruz, de 46 anos, até se matriculou na escola e voltará a estudar, a pedido da filha, Lorrainy Cruz, de 15 anos. A garota não aceita ir à escola sozinha, depois que viu a melhor amiga, Laryssa, ser assassinada pelo atirador Wellington Menezes.Lorena Rocha, de 14 anos, não considera a hipótese de pisar na escola novamente. Suas primas, as gêmeas Bianca e Brenda, foram baleadas pelo atirador. A primeira morreu, e a segunda ficou ferida. A mãe de Lorena já conseguiu uma bolsa de estudos para a sobrevivente, em um colégio particular da região."Aqui não tem mais clima. Uma sobrinha minha está morta, e a outra levou dois tiros nas mãos e tem uma bala alojada na nuca. Não posso pedir para minha filha voltar", disse Perla Rocha, de 34 anos. A vendedora Elisabeth Gomes do Nascimento, de 32 anos, esteve hoje no colégio para ouvir do psicólogo o que fazer com o filho Matheus Gomes do Nascimento, de dez anos. "Ele só dorme com a luz acesa e toma banho com uma vassoura escorando a porta, para não fechar. Ele diz que não quer sair, porque tem muita gente maluca no mundo".

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