Marcha da Família tem confronto no Rio

Defensores de intervenção militar nos moldes do golpe de 1964 encontraram integrantes de movimentos sociais

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Por Mariana Sallowicz
Atualização:

RIO - A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada no Centro do Rio de Janeiro neste sábado, 22, teve momentos de tensão e quase confronto físico entre militantes de direita e de esquerda.

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A confusão começou depois que cerca de 150 manifestantes que defendem uma intervenção militar na política como o golpe de 1964 - que foi precedido por manifestação homônima, mas que teve centenas de milhares de participantes - , encontraram outro grupo, com cerca de 50 integrantes de movimentos sociais. Com posição política de esquerda, esses ativistas protestaram contra a manifestação pró-golpe, que começara em caminhada pela Avenida Presidente Vargas iniciada na Candelária. O encontro dos dois grupos aconteceu perto do Comando Militar do Leste, na área da Central do Brasil, no Centro do Rio.

Policiais militares fizeram um cordão de isolamento entre as duas manifestações, mas houve um momento em que integrantes dos dois lados furaram o bloqueio. Houve corre-corre, e a Polícia acabou forçando os manifestantes de esquerda a se afastar do local. Após a confusão, os grupos permaneceram na região, mas afastados e com uma "fronteira" formada por PMs que impediam confrontos.

Antes do tumulto, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) participou da Marcha. Oficial da reserva do Exército, o parlamentar disse, no entanto, que não é favorável à proposta de intervenção militar, que, segundo ele, "descaracteriza o movimento".

"Estou aqui como patriota. Este governo, aos poucos, via legislação, busca cercear os direitos individuais dos cidadãos", declarou o político, cujo partido integra o governo federal e o apoia no Congresso Nacional.

Entre as palavras de ordem da Marcha, estava: "Da liberdade não abro mão. Pela família, eu quero intervenção" e "Defesa da família não é golpe militar, é deixar a pátria livre para a ordem governar" e "Comunas não passarão" - inversão de um lema antifascista da Guerra Civil Espanhola (1936-39).

O advogado André de Paula, defensor da Frente Internacionalista dos Sem-Teto que participava do protesto dos movimentos sociais, também atacou o governo Dilma Rousseff, por considerá-lo conservador. "Estamos em uma ditadura do capital, em um País que promove a remoção e o despejo", afirmou ele, referindo-se a expulsão de comunidades pobres causadas por obras realizadas por causa da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

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As palavras de ordem estampadas pelos integrantes dos movimentos sociais em placas incluíam: "Pelo fim do Estado, poder ao povo" e "Paredão aos torturadores do regime militar".

No fim da tarde, cerca de 50 militantes de esquerda decidiram ir em passeata até a sede do antigo Departamento de Ordem Política e Social, onde ativistas realizam há dias o "Ocupa Dops", manifestação que exige a constituição, no local, de um centro de memória da ditadura de 1964-85.

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