Maré da astronomia se volta contra Plutão

Oposição à proposta de manter Plutão como planeta e estender a denominação a outros corpos do Sistema Solar ganha espaço na assembléia da União Astronômica Internacional

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Por Agencia Estado
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A definição de planeta a ser adotada pela União Astronômica Internacional (IAU) deverá reduzir de nove para oito o número de planetas do Sistema Solar, ao trocar a categoria de Plutão para, provavelmente, "planeta anão". Assim afirmou nesta quarta-feira Junachi Watanabe, porta-voz do Observatório Nacional de Astronomia japonês e membro do "Comitê da IAU para a Definição de um Planeta". "O Sistema Solar terá oito planetas e pelo menos dois planetas anões", disse Watanabe, mas não adiantou qual será a definição do que é um planeta e que deverá ser votada, quinta-feira, pela Assembléia Geral da IAU. "Amanhã, será divulgada uma nova definição do que é um planeta", disse o especialista, após afirmar que "Plutão foi excluído". O especialista disse que a IAU - árbitro da nomenclatura espacial desde sua fundação, em 1919 - rejeitou a proposta mais considerada até agora e divulgada na semana passada, a de adotar uma definição que mantivesse Plutão como planeta. O projeto teria levado à ampliação do Sistema Solar para doze planetas, porque, além de Plutão, seria acrescentado pelo menos três novos: Ceres, Caronte e o corpo UB313, ainda sem nome oficial, mas chamado Xena por seu descobridor, Mike Brown. Nos últimos dias, vinha crescendo a oposição, entre cientistas importantes, à proposta que dá status planetário a Plutão, Caronte, Xena e Ceres. O próprio Brown se manifestou contra. Uma das propostas que excluem Plutão se vale do conceito de "dominância gravitacional": para ser um planeta, o corpo precisaria ser, claramente, o maior do seu domínio orbital. Plutão, que tem um grande satélite, Caronte, ficaria de fora, assim como Ceres (que está no cinturão de asteróides) e Xena (que faz parte do cinturão de Kuiper). Agora Ceres continuaria sendo um asteróide, Caronte seguiria como satélite de Plutão, e Xena também seria um "planeta anão". Os astrônomos do mundo estão há dois anos em meio a intensos debates para determinar uma definição, depois que Brown descobriu UBS313, em 2003, situado a 14,550 bilhões de quilômetros da Terra, que abriu o problema sobre se devia ser reconhecido como planeta, dado que é maior que Plutão. Segundo Watanabe, o problema apareceu porque até agora não havia uma definição científica do que é um planeta. Em todo caso, os astrônomos estariam admitindo agora que houve um erro quando se concedeu a Plutão a categoria de planeta em 1930, e no futuro poderiam incluir outros corpos semelhantes sob a denominação de "planeta plutônico" ou "plutoniano". Seria adiada também a 17ª Assembléia Geral da IAU, convocada no Rio de Janeiro para 2009, a escolha de um nome oficial para o corpo UB313.

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