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Mares Guia diz que não precisa deixar o cargo

Envolvido pela PF no mensalão mineiro, o ministro dá explicações ao Ministério Público

Por Vannildo Mendes , Tania Monteiro , João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

Empenhado em evitar que a crise do mensalão vá mais uma vez para dentro do Palácio do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, teve de dar longas explicações ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. O motivo é a investigação da Polícia Federal segundo a qual Mares Guia estaria envolvido no chamado mensalão mineiro, esquema de arrecadação ilegal de dinheiro na campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Ao final do encontro com Lula, antes da reunião da coordenação política do governo, Mares Guia disse que "não há razão" para se afastar do cargo. Segundo ele, o presidente manifestou "sempre solidariedade, amizade e confiança". Em seguida, o ministro entregou ao procurador-geral documentos e pediu 15 dias de prazo para encaminhar a conclusão de uma auditoria que ele mandou realizar na sua vida financeira e empresarial. Souza deu o prazo pedido, mas não sinalizou se oferecerá ou não denúncia contra os acusados. "Vim trazer minhas explicações antes de ser denunciado, se é que haverá denúncia", disse Mares Guia após retornar ao ministério. A auditoria está sendo realizada pela empresa Price Waterhouse. INQUÉRITO O procurador-geral está há mais de um mês analisando os autos do inquérito, que corre em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF). Com 172 páginas, o inquérito sugere indiciamento, além de Mares Guia e de Azeredo - que hoje é senador -, do empresário Marcos Valério, acusado de ser operador do esquema, de vários políticos ligados ao PSDB, empresários e dirigentes de estatais mineiras. O Planalto teme que uma denúncia no STF enfraqueça de vez o ministro das Relações Institucionais, num momento de relacionamento tenso com o Congresso. Em entrevista após a audiência com Lula, Mares Guia garantiu que não foi o coordenador de campanha de Azeredo em 1998, como afirma o inquérito da Polícia Federal. Ele disse que apenas o ajudou informalmente como amigo e colaborador voluntário. Segundo a Polícia Federal, o mensalão mineiro teria arrecadado cerca de R$ 100 milhões para a campanha de Azeredo. A maior parte dos recursos teria sido desviada de estatais mineiras mediante fraudes e contratos de fachada. A PF apontou o esquema mineiro como embrião do escândalo do mensalão durante o primeiro mandato do governo Lula. No mês passado, Marcos Valério, o ex-ministro José Dirceu, parlamentares e ex-parlamentares, empresários, entre outros, viraram réus no STF sob acusação de envolvimento no esquema.

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