Médica de UTI é indiciada por homicídio qualificado

Ela é suspeita de praticar eutanásia em hospital de Curitiba; polícia investiga médica há 1 ano e analisa prontuário de 18 pacientes

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Por JULIO CESAR LIMA e CURITIBA
Atualização:

A médica Virgínia Soares, que coordenava a UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba (PR), foi indiciada ontem por homicídio qualificado. Ela é suspeita de comandar um esquema de eutanásia na UTI do hospital, onde foi detida anteontem por policiais do Núcleo de Repressão de Crimes Contra a Saúde (Nucrisa). A polícia investigava Virgínia havia um ano. Pelo menos 18 prontuários de pacientes mortos no período estão sendo analisados. A delegada Paula Brisola afirmou que o termo "eutanásia" pode provocar uma "comoção entre a população", apesar das denúncias de familiares e profissionais apontarem para essa prática. Ela confirmou que a médica provavelmente não agiu sozinha. "Outros funcionários também estão sendo ouvidos pela polícia e sob investigação", disse.A denúncia que culminou com a prisão de Virgínia teve início no ano passado, conforme a queixa de uma pessoa que conhecia o trâmite na UTI. "A pessoa entrou em contato com a Ouvidoria, que nos repassou a denúncia e iniciamos a investigação."Uma profissional que atuava com Virgínia na UTI, e preferiu não se identificar, disse que era hábito da médica tratar com desdém alguns pacientes. "Quase todo dia havia uma parada cardíaca e ela gritava 'Spp' (sigla utilizada em UTIs que significa "se parar, parou!"), então, as enfermeiras saíam fora e deixavam o paciente. Isso quando era SUS, agora, se era particular ou convênio aí tentavam salvar", disse. Já um enfermeiro que trabalhou com Virgínia entre 2004 e 2006 disse à TV Globo e que viu a médica desligar aparelhos. O advogado da médica, Elias Mattar Assad, criticou a prisão e a condução da investigação. "Ela nunca foi intimada previamente e tudo isso poderia ser esclarecido com uma intimação, ela tem endereço e são mais de 20 anos de profissão", disse. "Pelo que está se delineando, agora, de homicídio qualificado, não vai se ter um defunto ou um laudo por outra causa de morte que não seja a que não está no laudo. Não há como provar outra coisa."

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