Médicos vão às ruas de Recife contra 'estrangeiros'

PUBLICIDADE

Por MONICA BERNARDES
Atualização:

Em Recife, cerca de 700 pessoas, entre médicos e estudantes de medicina, participaram, na tarde desta quarta-feira, de uma manifestação contra a proposta do governo federal de contratar médicos estrangeiros e por melhorias na área da Saúde Pública. A concentração começou por volta das 14h, na Praça do Derby, na área central, e seguiu pela Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais vias de circulação, que liga as zonas norte e sul da cidade. Horas antes, um grupo com cerca de 50 profissionais esteve no Hemocentro estadual, onde doou sangue. Durante todo o dia, os atendimentos eletivos nas unidades municipais e estaduais foram suspensos. Apenas os serviços de urgência e emergência foram mantidos. A expectativa é de que a paralisação siga até a manhã desta quinta-feira, 4. Por volta das 15h30, os médicos e estudantes de medicina tomaram as duas vias da avenida, na altura do Hospital da Restauração, a maior unidade de saúde pública do Estado. No local, receberam o apoio de profissionais de plantão, pacientes, acompanhantes e moradores da região. Dezenas de lençóis brancos foram pendurados nas janelas do hospital e de prédios residenciais próximos. Com faixas e cartazes, os médicos reivindicavam melhores condições de trabalho, planos de cargos de carreira para profissionais da saúde e 10% do PIB (Produto Interno Bruto) em investimentos na saúde. Além disso, criticaram a isenção do Revalida para médicos estrangeiros, proposta pelo governo federal. A médica pediatra Ana Patrícia Cintra reclamou da proposta de trazer médicos estrangeiros para o País. "Estamos acostumados a tratar pacientes que são muito humildes e muitas vezes têm dificuldades para entender o que nós, que falamos português perfeitamente, explicamos. Imagine como uma mãe do interior, simples, sem muita instrução, vai conseguir explicar ou entender o que fala um médico estrangeiro? Isso sem falar na questão da segurança de que este profissional, sem passar pelo Revalida, estará apto a clinicar no Brasil", argumentou. O presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, defendeu as manifestações como sendo "necessárias" para mostrar a preocupação da categoria com a qualidade da Saúde Pública no País. "Queremos mais investimentos na Saúde. Brigamos para poder atender a população de uma maneira melhor. E é claro que estamos preocupados com essa proposta de trazer para cuidar da nossa gente, profissionais estrangeiros, sem que eles passem pelo Revalida", destacou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.