Memorial abre pré-carnaval do Pholia à espera de 30 mil

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Por WLADIMIR D'ANDRADE
Atualização:

Começa hoje em São Paulo a 19ª edição do Pholia, tradicional pré-carnaval da cidade que tenta recuperar o público dos seus tempos áureos, na década de 90, quando chegou a ter mais de 200 mil foliões, de acordo com a organização. Pelo quarto ano consecutivo, o evento acontece na Praça Cívica do Memorial da América Latina, no bairro Barra Funda, na zona oeste. Com 13 blocos, a expectativa para esta edição é atrair 30 mil pessoas nos dois dias de folia, hoje e amanhã. A entrada é grátis. O Pholia começa com a apresentação de seis blocos. O primeiro será o Sambistas de Cristo, que iniciará o desfile pelo circuito oval da Praça Cívica às 15 horas. O último a se apresentar é o bloco estreante Unidos Venceremos, composto por moradores do bairro Pompeia, da zona oeste, que tem 500 integrantes e fará a apresentação às 20 horas. Amanhã, a festa será aberta novamente pelo Sambistas de Cristo, só que mais cedo, às 13 horas. O bloco Black Pholia, formado por comerciantes do centro de São Paulo, encerra o evento com uma homenagem ao cantor e compositor Jair Rodrigues, às 20h30. Entre os destaques da edição deste ano estão os blocos Unidos da Melhor Idade e o da Comunidade Boliviana. O primeiro é o mais antigo do Pholia e o que leva os foliões mais experientes. Composto basicamente por senhores e senhoras acima dos 60 anos, além da homenagem à cantora Dalva de Oliveira - que fez muito sucesso a partir da década de 30 -, este ano o bloco trará ainda uma novidade: virá com bateria própria. A vice-presidente da Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade e organizadora do bloco, Odette Moralez, conta que a ideia vem crescendo há dois anos. Segundo ela, a associação conseguiu parceria com a prefeitura e com a escola de samba Vai-Vai, atual campeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo. Há seis meses um mestre de bateria da agremiação dá aulas de percussão para integrantes do bloco. "Tem pessoas de 84 anos tocando surdo", afirma Odette. Mas no domingo a bateria do Unidos da Melhor Idade virá ainda com dez músicos da Vai-Vai, de 45 componentes ao todo. "Para 2010, já queremos ter a bateria inteira composta por idosos." A comunidade boliviana fará sua quinta apresentação no Pholia. Fundada para difundir a cultura e o "rico" carnaval da Bolívia, o bloco traz este ano a Diablada, dança típica da região de Oruro, praticada principalmente pelos mineiros do país vizinho, segundo explica a presidente da Associação Folclórica Bolívia-Brasil, Ruth Camacho. De acordo com ela, os cerca de 700 passistas, entre bolivianos ou filhos e netos deles, estarão com trajes típicos e as máscaras características da dança. Ela conta que o bloco nasceu em 1997, quando juntou grupos de dança da comunidade boliviana em São Paulo. "Queríamos difundir a cultura do país através da dança, desmistificando o preconceito de que boliviano é trabalhador escravo", afirma. Hoje, diz, a comunidade já faz várias reuniões ao longo do ano, incluindo apresentações de dança no próprio Memorial da América Latina, que acontece sempre em agosto. Recuperação Aos poucos, o público está voltando a prestigiar o Pholia. De acordo com o presidente da Associação das Bandas, Blocos e Cordões Carnavalescos do Município de São Paulo (ABBC), Orlando José Dal Secco Filho, depois de um tempo difícil, quando o evento quase foi extinto, segundo ele, a edição de 2009 deve reunir aproximadamente 5 mil participantes a mais que no ano passado. Ele conta que a festa começou em 1990 na Avenida Faria Lima, zona sul da cidade, em homenagem ao prefeito José Vicente Faria Lima, que oficializou o carnaval paulistano em 1968. "No último ano que o Pholia foi feito na Faria Lima, reunimos mais de 200 mil num fim de semana", diz. Isso ocorreu em 2000. Depois, o evento foi levado para o Sambódromo do Anhembi, na zona norte. Para o presidente da ABBC, foram os anos mais duros, já que o público caiu consideravelmente, para pouco mais de 5 mil foliões. "Lá não é lugar para blocos, é muito frio. Carnaval de rua tem que estar na rua, por causa da participação popular." Em 2003 a festa migrou para a zona norte, na Avenida Luis Dumont Villares. Também voltaram os participantes. "No último ano na zona norte, antes de virmos para o Memorial, tivemos 60 mil pessoas", afirma Dal Secco. Agora, mesmo alegando pouco apoio e "quase nenhum dinheiro da Prefeitura", Dal Secco espera que o público volte a prestigiar o "carnaval tradicional de São Paulo". "Montamos toda infraestrutura para receber o público, banheiros, segurança, tudo. É diversão gratuita."

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