Menor pressão sobre preços justifica corte do juro--ata

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Por Renato Andrade
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A forte desaceleração da economia e a ausência de repasse da depreciação cambial para os preços foram as principais razões por trás do corte do juro promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua primeira reunião de 2009, mostrou a ata do encontro divulgada nesta quinta-feira. Apesar de ter promovido o corte mais forte do juro desde 2003, os diretores do Banco Central deixaram claro que qualquer mudança no quadro de riscos inflacionários provocará alteração imediata na política monetária, mesmo considerando o espaço existente para um ciclo de cortes da taxa básica. "A política monetária deve manter postura cautelosa, visando assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, a despeito de haver margem para um processo de flexibilização", afirmaram os diretores do BC. Na reunião da semana passada, os diretores do BC decidiram por cinco votos a favor e três contra, reduzir a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando o juro para 12,75 por cento. Os três dissidentes defenderam uma redução menos acentuada, de 0,75 ponto. A desaceleração do ritmo de crescimento da atividade econômica foi destacada na ata do Copom como um dos principais fatores que permitiram o corte da Selic. Durante meses, a expansão acelerada da atividade era vista com preocupação pelo Banco Central, diante de seus possíveis efeitos sobre o comportamento dos preços na economia brasileira. Desta vez, entretanto, o comitê entendeu que diante dos sinais de arrefecimento do ritmo de atividade, "reduziram-se de forma importante os riscos de não concretização de um cenário inflacionário benigno". A falta de repasse da depreciação cambial para os preços também foi outro elemento que justificou a decisão. No entender do comitê não há "evidências nítidas" de repasse, o que contribuiu para a manutenção dos preços dentro do patamar desejado pelo BC. Na ata, o Copom reafirma que a estratégia adotada continua tendo como objetivo trazer a inflação de volta ao centro da meta já em 2009, e "mantê-la em patamar consistente com a trajetória de metas em 2010". O centro da meta de inflação de 2010 também é de 4,5 por cento, como este ano. Para os dois períodos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou um margem de variação de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.

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