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Projeções para produção industrial desabam no governo Bolsonaro

No início do ano, a estimativa era de crescimento de 3,17% neste ano; agora a previsão é de retração de 0,29%

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA – Em pouco mais de oito meses, as projeções para a produção industrial despencaram no Brasil. Dados do relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 9, pelo Banco Central, mostram que os economistas do mercado financeiro passaram a projetar retração de 0,29% da produção industrial em 2019. No início do governo de Jair Bolsonaro, a expectativa era de crescimento de 3,17% para este ano.

A pesquisa da CNI indica ainda que a queda de confiança é generalizada entre as regiões geográficas do Brasil Foto: Alex Silva/Estadão

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A derrocada das projeções para a indústria brasileira ocorre em um ambiente de baixo crescimento da economia e alto desemprego, o que prejudica a demanda por produtos industriais.

Considerando o conjunto da economia, as projeções dos economistas indicam elevação de apenas 0,87% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. No início do ano, o porcentual esperado era de 2,53%. No caso específico da indústria, a expectativa é de crescimento de apenas 0,32% do PIB este ano. Há oito meses, era de 2,80%.

Na semana passada, números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já haviam indicado queda da produção industrial em 15 das 26 atividades econômicas monitoradas em julho. O índice geral de produção caiu 0,3% em julho, em relação junho, e acumulou baixa de 1,7% em 2019 até julho.

De acordo com o IBGE, após recuar 8,3% em 2015 e 6,4% em 2016, a produção industrial avançou 2,5% em 2017 e 1,0% em 2018. Agora, as estatísticas mais recentes e as projeções no Focus indicam que o Brasil caminha, de fato, para fechar mais um ano de retração da indústria.

Inflação abaixo da meta

Na esteira dos dados mais recentes de inflação, os economistas também reduziram a previsão para o IPCA, o índice oficial de preços, em 2019, de 3,59% para 3,54%. A projeção para o índice em 2020 passou de 3,85% para 3,82%. 

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A projeção está abaixo do centro da meta de 2019, de 4,25%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,50% a 5,50%). 

As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019 e 3,9% em 2020. Elas constaram na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), realizado no fim de julho. Na ocasião, o colegiado reduziu a Selic (a taxa básica de juros) de 6,50% para 6,00% ao ano.

Na última sexta-feira, o IBGE informou que o IPCA avançou 0,11% em agosto. No ano, a taxa acumulada é de 2,54% e, em 12 meses até agosto, de 3,43%.

Os economistas mantiveram suas projeções para a Selic no fim de 2019 em 5% ao ano e de 5,25% no fim de 2020. O corte na taxa em julho foi o primeiro após 16 encontros em que o colegiado manteve a Selic estável. 

Ao justificar a decisão, o Banco Central reconheceu uma evolução no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação. Além disso, sinalizou que devem ocorrer cortes adicionais da taxa.