Michael Haneke ganha sua 2ª Palma de Ouro em Cannes

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Por Luiz Carlos Merten
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Embora fosse o filme mais estrelado nos quadros de cotações do 65º Festival de Cannes, Amour/Amor, de Michael Haneke, estava longe de ser uma unanimidade. Por isso mesmo, antes de anunciar a Palma de Ouro para o novo Haneke - a segunda do diretor, após A Fita Branca -, o presidente do júri, o ator e diretor italiano Nanni Moretti, ressaltou, neste domingo, a extraordinária contribuição dos atores.E aí, em seu reconhecimento ao que Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva acrescentam ao filme, ele construiu a humanidade e a universalidade de Amor. O próprio Trintignant deu mais uma contribuição e, num discurso emocionado e emocionante, disse a frase que vai ficar da noite de encerramento: "Vamos tentar ser felizes, nem que seja só para dar o exemplo".Nunca houve, pelo menos em tempos recentes, uma coletiva do júri tão rica e elucidativa. Moretti foi logo esclarecendo que nenhuma escolha do júri foi unânime. Alguns filmes dividiram particularmente os jurados, mas tiveram defensores ardorosos. O italiano Reality, de Matteo Garrone, vencedor do grande prêmio, o segundo em importância, após a Palma, e o de direção para o mexicano Carlos Reygadas, de Post Tenebras Lux.Nenhuma explicação foi dada para as ausências de David Cronenberg (Cosmopólis) e Walter Salles (On the Road/Na Estrada) da lista de premiados. "Gostaria de ter premiado os atores de Haneke, Trintignant e (Emmanuelle) Riva, mas o regulamento impede que os vencedores da Palma, do grande prêmio e do de direção acumulem troféus", esclareceu o presidente.Houve grandes perdedores em Cannes, 2012. Jacques Audiard, Walter Salles, Alain Resnais, David Cronenberg. E houve boas surpresas, como a vitória de Matteo Garrone. O autor de Gomorra voltou à Croisette com Reality, sobre a fascinação dos italianos pelos reality shows. O filme estrutura-se na extraordinária atuação de Aniello Arena, um presidiário cooptado pelo cinema (e que permanece preso na Itália).

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