Milho: EUA reduzem área plantada

Relatório divulgado pelo USDA na segunda-feira aponta que plantio de soja e trigo vai avançar sobre áreas do cereal

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Por Gerson Freitas Jr
Atualização:

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou as expectativas do mercado e apresentou um esboço do que será a próxima safra norte-americana. As projeções são de aumento do plantio de soja e trigo, que avançam sobre áreas de milho e algodão. Em seu aguardado relatório de intenção de plantio, divulgado na segunda-feira, o órgão projetou um crescimento de 18% na área plantada com soja, que deve ficar em torno de 30,2 milhões de hectares. Por outro lado, os produtores devem reduzir em 8% as lavouras de milho, para 34,8 milhões de hectares. A expansão da área de soja deve superar as previsões dos analistas. Uma pesquisa realizada junto a consultorias e empresas comerciais americanas apontava para uma área de 28,9 milhões de hectares. A reação imediata do mercado foi negativa. Na segunda-feira, os contratos da commodity acumularam desvalorização de 5,52%. Em contrapartida, os preços do milho fecharam em alta de 1,2%, já que a projeção do USDA ficou abaixo dos 35,3 milhões de hectares esperados pelo mercado. Mesmo assim, a área só é menor do que a registrada no ano passado, quando bateu o recorde desde 1944. Apesar do grande plantio deste ano, a oferta de grãos nos Estados Unidos na safra 2008/2009 ficará longe de ser abundante. A crescente demanda para a produção de biocombustíveis (etanol de milho e biodiesel de óleo de soja) deve continuar pressionando os estoques do País, atualmente em níveis historicamente baixos. Por isso, os analistas afirmam que não há margens para perdas de produção este ano. Logo, a tendência é a de que o mercado deixe de repercutir os números do relatório do USDA e comece, já nos próximos dias, a se concentrar no comportamento do clima. A expectativa é a de que especulações sobre o comportamento do tempo e as condições para o desenvolvimento das lavouras estimulem um movimento de compras, principalmente especulativas, e provoque um aumento dos chamados prêmios de risco sobre as cotações. ''Esperamos achar o momento, no começo deste mês, para comprar diante das incertezas da estação de plantio'', afirmou Tim Hannagan, operador da corretora americana Alaron. Além disso, a intenção de plantio dos produtores pode não se confirmar, dependendo do clima e das condições de mercado, o que abre mais espaço para especulações. Clima desfavorável Para o operador da corretora Global Futures, Doug McWilliams, os preços da soja e do milho tendem a se estabilizar, após alguns dias de volatilidade pós-relatório, conforme o mercado ''entre na fase de monitorar o avanço do plantio e o clima''. As agências meteorológicas afirmam que o fenômeno La Niña pode provocar tempo mais quente e seco no oeste do cinturão de milho e soja durante o verão americano, o que deve aumentar a tensão dos agentes. Além dos preços favoráveis de outras culturas, fatores como alta dos custos dos insumos e a necessidade de manter o sistema de rotação de cultura também contribuíram para a redução da área plantada de milho. A perspectiva para os preços continua forte, em virtude, em parte, da contínua expansão da produção de etanol, que na próxima safra deve disputar a matéria-prima com a indústria de alimentos.

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