Ministro rebate acusação de que PF tem atuação política

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Por Redação
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O governo aproveitou nesta quinta-feira a cerimônia de comemoração do 65o aniversário da Polícia Federal (PF) para negar que a instituição sofra interferências políticas em sua atuação cotidiana. Na quarta-feira, uma operação da PF prendeu quatro diretores e duas secretárias da construtora Camargo Corrêa e apontou repasses de recursos da empreiteira a partidos políticos, principalmente da oposição, que passaram a criticar a investigação. Em troca, políticos favoreceriam negócios da empreiteira. O ministro da Justiça, Tarso Genro, contou que, quando foi convidado para ocupar o cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe pediu que "mantivesse, aprofundasse e radicalizasse o princípio da neutralidade política do Estado... vedando qualquer interferência política de quem quer que seja nesse órgão". O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, confirmou a declaração do seu superior. "A Polícia Federal não atua pautada por questões político-partidárias", assegurou a jornalistas depois da solenidade. O chefe da Polícia Federal afirmou que a operação contra a Camargo Corrêa teve como foco crimes financeiros, mas os agentes da instituição se depararam com a informação de que a empreiteira havia repassado recursos a partidos e políticos. Segundo ele, a PF cumpriu seu dever de repassar os dados à Justiça e ao Ministério Público, o qual divulgou a informação. "Em momento algum nós falamos em crimes eleitorais. Esse é um tema incidental dentro da investigação. Isso virou foco, para a nossa tristeza", disse. "Se no decorrer da investigação isso ganhar robustez, será investigado. Se nesse foco se caracterizar crime, (a PF) vai apurar, independentemente do partido", acrescentou. FAMA Em seu discurso, argumentando que "exageros" podem causar estragos "irrecuperáveis" para as vidas de pessoas envolvidas em casos polêmicos, o presidente Lula alfinetou os policiais federais, procuradores e juízes que usam o cargo para ganhar fama. "Deixe nós políticos aparecer na televisão, porque nós políticos abrimos a geladeira de manhã para pegar uma água e já damos uma entrevista pensando que é a televisão. Vamos ao banheiro e ligamos o barbeador para fazer a barba e damos outra entrevista achando que é um microfone", disse Lula na cerimônia, provocando risos na platéia formada por servidores da PF, parlamentares e ministros. "A verdade é que nem o Poder Judiciário, nem o Ministério Público, nem a Polícia Federal precisam disso", disse Lula, referindo-se à exposição das operações da PF. Exageros da PF vêm sendo debatidos desde que a instituição transformou as prisões de acusados em espetáculos com a participação da mídia. DEM DIZ QUE É LEGAL O DEM, um dos partidos arrolados como tendo recebido recursos da construtora Camargo Corrêa, afirmou nesta quinta-feira que o recebimento de recursos foi legal. O líder do partido no Senado, Agripino Maia, disse que os recursos foram recebidos nas eleições municipais do ano passado e declarados à Justiça eleitoral. "Se nós formos nos envergonhar de fazer o que é legal, esse país acabou", afirmou o senador, que viu viés político na divulgação dos partidos que receberam recursos da construtora. A maioria das siglas é de oposição. (Reportagem de Fernando Exman)

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