MLST bloqueia por 5 horas trânsito da BR-369, no PR

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Por Evandro Fadel
Atualização:

Um grupo de integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) de Cascavel, no oeste do Paraná, bloqueou hoje por cerca de cinco horas o trânsito na Rodovia BR-369, em direção ao norte do Estado, em protesto contra a destruição de parte do acampamento e da plantação que mantêm na Fazenda Bom Sucesso. Eles afirmam que foram atacados por milícias armadas. Foram presos em flagrante dez acusados pelo ataque e indiciados por exercício arbitrário das próprias razões e formação de quadrilha. Os sem-terra estão acampados em frente da fazenda, mas usam parte da propriedade para o plantio e não permitem que nenhum estranho ao movimento se aproxime do local. Em 2007, eles mantiveram em cárcere privado por 40 minutos dois oficiais de Justiça, que tinham ido comunicá-los sobre mandado de reintegração de posse, e três jornalistas. No acampamento, conhecido como Primeiros Passos, vivem, aproximadamente, 300 famílias há cerca de três anos. Os trabalhadores rurais disseram à polícia que o grupo chegou portando armas. "As armas não foram encontradas, mas foi constatado que houve danos", disse a delegada Paula Martins. Foram demolidas casas onde funcionavam uma escola e uma igreja, além de parte da plantação. Os policiais militares apreenderam um trator, um caminhão, coletes balísticos, capuzes e facões. Os detidos negaram qualquer ataque aos trabalhadores ou que carregavam armas consigo. Eles disseram que tinham ido ao local para arar a terra. "Mas é difícil acreditar que foram fazer isso de madrugada, com capuzes e coletes balísticos", disse a delegada. "Quando viram a polícia, ainda tentaram fugir." Mortes Paula afirmou que investigará se há relação entre essa ação e a que resultou em duas mortes em outubro na área da multinacional Syngenta, que está invadida. A advogada Edinéia Sicbneihler, que representa o proprietário da área, não foi encontrada no escritório. Em Curitiba, os cerca de 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que tomavam parte da Rua Dr. Faivre, em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), desde segunda-feira, deixaram o local hoje. Uma comissão foi formada para discutir com o governo do Paraná uma forma de adequar o Assentamento Celso Furtado, em Quedas do Iguaçu, no oeste do Paraná, às exigências do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Os sem-terra alegam que muitos estão assentados em área de reflorestamento, não tendo condições de produzir alimentos, além de não ser possível levar energia elétrica porque seria necessário cortar algumas árvores para passar a rede, o que depende também de licença do IAP. Eles ficarão na capital paranaense pelo menos até amanhã, aguardando o resultado das reuniões, acampados na sede do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Paraná (Sindijus-PR).

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