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Monges tibetanos interrompem coletiva e acusam China de mentir

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Por Redação
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Monges tibetanos interromperam uma coletiva de imprensa oficial em um templo em Lhasa na quinta-feira, gritando que as autoridades chinesas mentiam sobre as tensões na região, disseram jornalistas estrangeiros. O incidente foi um constrangimento para o governo chinês, que levou um grupo de jornalistas estrangeiros a Lhasa para uma visita à capital tibetana supervisionada pelo Estado, onde autoridades dizem que a estabilidade foi restaurada desde o surgimento de protestos violentos no dia 14 de março. O governo também afirma que suas forças de segurança agiram com prudência, em meio às críticas internacionais à resposta chinesa aos protestos antes dos Jogos Olímpicos de agosto. Um grupo de jovens monges no templo de Jokhang, um dos mais sagrados para os tibetanos e importante ponto turístico da região, invadiram a entrevista coletiva concedida pelo administrador do templo. "Cerca de 30 monges jovens entraram na coletiva oficial gritando 'Não acreditem neles. Eles estão enganando vocês. Estão contando mentiras", disse o correspondente do jornal USA Today em Pequim, Callum MacLeod, de telefone em Lhasa. A emissora de TV de Hong Kong TVB mostrou imagens do incidente em frente aos jornalistas estrangeiros e monges chorando em volta das câmeras. Os religiosos dizem que não podem deixar o templo desde o dia 10 de março, quando as manifestações tiveram início em Lhasa, no 49o aniversário da frustrada revolta tibetana contra o domínio chinês, que levou o líder espiritual do Tibet, o Dalai Lama, a se exilar na Índia. "Eles simplesmente não acreditam na gente. Eles acham que vamos sair e causar tumultos --destruição, saques, incêndios. Não fizemos essas coisas. Eles estão nos acusando de maneira falsa", disse um monge. "Queremos liberdade, eles prenderam lamas e pessoas normais." Wang Che-nan, cinegrafista da emissora taiwanesa ETTV, disse que o incidente durou cerca de 15 minutos, até que policiais desarmados levaram os monges para outro lugar do templo, longe dos jornalistas. "Eles disseram: 'O tempo de vocês acabou, é hora de ir para o próximo lugar"', disse Wang. A Reuters não foi convidada para a viagem supervisionada pelo governo. O secretário do Dalai Lama, Chhime Chhoekyapa, disse que o incidente deixa claro que "a força bruta sozinha não pode suprimir os ressentimentos que existem no Tibet". "Estamos profundamente preocupados com a segurança e o bem-estar dos monges, e fazemos um apelo para que a comunidade internacional garanta a proteção deles", disse. (Reportagem adicional de Lindsay Beck em Pequim, Krittivas Mukherjee e Bappa Majumdar em Nova Délhi, e Kate Leung em Hong Kong)

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