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Monti é pressionado a disputar eleição na Itália

Por STEVE SCHERER E GISELDA VAGNONI
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O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, enfrentou nesta quinta-feira uma crescente pressão para ser candidato a um novo mandato no ano que vem, depois da surpreendente oferta de Silvio Berlusconi para retirar sua postulação. Em Bruxelas, numa reunião do Partido Popular Europeu, que reúne várias legendas de centro-direita, Berlusconi repetiu a oferta de não disputar a eleição, caso Monti aceite concorrer contra os favoritos partidos de centro-esquerda. A participação de Monti na reunião, junto com Berlusconi e com a chanceler alemã, Angela Merkel, foi uma surpresa para muitos, já que ele não aparecia na lista de convidados. Monti assumiu o cargo há um ano, no lugar de Berlusconi, para comandar um governo tecnocrata que resgatasse o país de uma crise financeira. As pesquisas indicam que ele teria pouca chance de conseguir um novo mandato, dessa vez nas urnas. Mesmo que isso ocorresse, ele também enfrentaria muitos atritos com a centro-direita, que está altamente fragmentada e inclui a relutante Liga Norte. "Houve muitas expressões de apoio à candidatura de Monti", disse um membro do Parlamento Europeu à Reuters. "Mas Monti não resolveu o dilema." O partido centro-direitista Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, retirou na semana passada o apoio a Monti no Parlamento, obrigando-o a renunciar. Novas eleições são esperadas para fevereiro. No sábado, Berlusconi, que já foi premiê em quatro ocasiões, declarou que encabeçaria a lista de candidatos do PDL e fez duras críticas à política econômica de Monti, acusando-o de submissão aos interesses da Alemanha. Dois dias depois, no entanto, ele anunciou que apoiaria sua eventual candidatura. As pesquisas sugerem que Berlusconi não tem chance real de vitória na eleição, e isso acalmou os mercados. Num leilão de títulos com vencimento em três anos nesta quinta-feira, o Tesouro pagou o seu menor custo de crédito desde o fim de 2010. Monti é amplamente creditado como responsável por resgatar a credibilidade internacional da Itália depois da era de Berlusconi, marcada por inúmeros escândalos. Mas as medidas de austeridade adotadas por ele desagradam muitos eleitores. As pesquisas mostram uma tranquila vantagem do centro-esquerdista Partido Democrático e do seu líder, Pier Luigi Bersani, disse o professor de política e especialista em sistemas eleitorais, Roberto D'Alimonte. Para Bersani, Monti não deveria se candidatar a premiê, pois isso colocaria em risco sua imagem como um político independente e respeitado. (Reportagem adicional de Luke Baker, em Bruxelas)

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