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Mortos pelo furacão Félix no mar aparecem em praias da Nicarágua

Por JIMMY SÁNCHEZ
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Corpos de indígenas da etnia miskito que haviam sido mortos pelo furacão Félix flutuavam na quinta-feira no Caribe e eram jogados às praias da Nicarágua, onde o saldo de vítimas fatais da tempestade já passa de 60. Muitos dos mortos estavam em barcos quando foram atingidos pelas enormes ondas provocadas pela passagem do Félix, um furacão da categoria 5 que atingiu a fronteira entre Honduras e Nicarágua na terça-feira. Outras vítimas parecem ter sido sugadas de seus casebres à beira-mar. Pescadores nicaraguenses contaram a jornalistas que viram corpos ainda atados a árvores, numa vã tentativa de lutar contra o vento superior a 250 quilômetros por hora e as ondas descomunais. "Estamos em 42 mortos", disse o governador da região, Reynaldo Francis, a jornalistas. "Em Honduras e no nosso território costeiro, mais [corpos] estão aparecendo." Parentes abrigados no cais de Puerto Cabezas choravam quando soldados em botes voltavam de aldeias litorâneas e contavam que havia desaparecidos. Outros comemoravam ao ver a chegada de sobreviventes ao cais. A indígena Ana Isolina Alvarado, que vive em ilhotas na costa e foi levada para Puerto Cabezas, disse que se salvou porque o barco em que estava encalhou num mangue, mas que quatro parentes e dezenas de vizinhos dela estão desaparecidos. A Defesa Civil hondurenha disse que na quinta-feira 25 corpos apareceram boiando perto da fronteira com a Nicarágua. Em 1998, a mesma região foi devastada pelo furacão Mitch, que fez 10 mil mortos. Imagens aéreas mostram que a região está cheia de destroços devido à passagem do Félix. Pela primeira vez na história foram registrados dois furacões consecutivos chegando à terra na categoria 5, o topo da escala -- semanas antes, o Dean havia matado 27 pessoas no Caribe e no México. O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, disse na quarta-feira que havia mais de 200 desaparecidos. Mas 52 miskitos foram mais tarde resgatados com vida na costa de Honduras. "Eles passaram horas agarrados a tábuas e bóias", disse a parlamentar hondurenha Carolina Echeverría. Metade do grupo teve condições de ser levada para sua aldeia em um barco nicaraguense, mas outros tiveram de ser hospitalizados em Honduras. Os miskito são uma etnia com cerca de 135 mil integrantes, dos quais 100 mil na Nicarágua e o resto em Honduras. No século 19, eles formavam um protetorado britânico. Militares nicaraguenses estão distribuindo alimentos para populações de aldeias que passaram dias isoladas, sobrevivendo apenas com cocos. "Ainda estamos esperando ajuda", disse a indígena Lílian a jornalistas em sua vila costeira, onde cerca de 2.000 pessoas aguardam indefesas no meio das casas destruídas. (Reportagem adicional de Gustavo Palencia em Tegucigalpa e Ivan Castro em Manágua)

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