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Muçulmanos britânicos condenam decapitação de trabalhador humanitário

Grupos muçulmanos em toda a Grã-Bretanha se juntaram neste sábado ao primeiro-ministro David Cameron para condenar a decapitação do trabalhador humanitário Alan Henning por insurgentes do Estado Islâmico. Orações para o motorista de táxi de 47 anos foram feitas em mesquitas por toda a Grã-Bretanha no início do festival Eid al-Adha, enquanto a família do trabalhador dizia estar anestesiada pela dor. Cameron chamou Henning de um homem gentil e compassivo que estava simplesmente tentando ajudar os outros, e disse que a Grã-Bretanha iria fazer tudo o que puder para destruir seus assassinos. A imprensa britânica descreveu Henning como um homem comum, de meia-idade, não muçulmano, que abriu mão de seu tempo e deixou para trás esposa e dois filhos adolescentes para ajudar os amigos muçulmanos a conduzir comboios informais de ajuda para as vítimas da guerra civil na Síria. "Vamos usar todos os recursos que temos para derrotar esta organização, que é totalmente cruel, insensata e bárbara na forma como trata as pessoas", disse Cameron em um comunicado transmitido pela televisão após reunião com os chefes das forças armadas da Grã-Bretanha e agências de inteligência. Henning foi mantido preso na Síria por nove meses até que um vídeo, divulgado no YouTube na sexta-feira, o mostrou de joelhos em uma área desértica ao lado de um homem mascarado segurando uma faca. O homem falou brevemente com o mesmo sotaque britânico do sul do assassino de reféns anteriores, amplamente apelidado de "Jihad John". Um segundo vídeo com um combatente, aparentemente britânico, sem máscara, mostrando desprezo por Cameron falhar ao não enviar tropas terrestres estava sendo examinado pela polícia neste sábado, disse o gabinete de Cameron. Henning foi o quarto refém ocidental decapitado pelo Estado Islâmico, que foi atacado por caças dos Estados Unidos, britânicos, franceses e árabes depois que o grupo tomou faixas de áreas do Iraque e da Síria. Seu caso levantou uma onda de apelos para a sua libertação por parte de líderes muçulmanos britânicos. Shuja Shafi, secretário-geral do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, chamou seu assassinato "um ato desprezível e ofensivo".

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Por Redação
Atualização:

"ATO COVARDE"

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O imã Hussain Assim, da Mesquita Central de Manchester, disse que foi um "ato covarde e criminoso de brutalidade chocante, por um grupo que não representa o Islã de forma alguma".

O comboio de ajuda de Henning estava levando suprimentos para um hospital no noroeste da Síria em dezembro passado, quando foi parado por homens armados.

Temores por sua segurança aumentaram depois que o parlamento britânico votou no mês passado uma autorização para o envolvimento britânico em ataques aéreos contra Estado Islâmico no Iraque.

No vídeo do YouTube, Henning parece estar lendo um roteiro antes de ser morto. "Por causa da decisão do nosso parlamento de atacar o Estado Islâmico, eu, como membro do público britânico, pagarei agora o preço por essa decisão", disse ele.

Líderes muçulmanos da Grã-Bretanha, no passado, foram acusados de serem relutantes em confrontar publicamente o extremismo islâmico.

O caso de Henning, porém, provocou uma imediata resposta conjunta.

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No mês passado, uma carta assinada por mais de 100 imãs e líderes muçulmanos britânicos disse que as ameaças a Henning não tinham justificativa no Islã. "Isso não é Jihad (Guerra Santa) -- é uma guerra contra toda a humanidade", dizia.

A esposa de Henning Barbara e seus dois filhos adolescentes disseram que estavam devastados pela perda de um homem que se preocupava com o bem-estar dos outros. "Ele será lembrado por isso e nós, como uma família, somos extremamente orgulhosos dele e do que ele conseguiu", disseram em um comunicado.

Na sexta-feira, o pai do jornalista John Nouvel, outro britânico detido pelo Estado Islâmico, apelou pela libertação de seu filho.

Em Bruxelas, o Serviço de Ação Externa da União Europeia disse que a UE estava "empenhada em contribuir para a luta contra todos os grupos terroristas que põem em perigo a estabilidade regional e global", e não pouparia esforços para garantir que "seja colocado um fim a esta campanha terrorista atroz e que todos os culpados sejam responsabilizados".

(Por Stephen Addison)

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