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Mulher acima de 50 é alvo de ação anti-Aids no Carnaval

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Por Redação
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Às vésperas do Carnaval, o Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira uma nova campanha de combate à Aids que terá como foco as mulheres acima de 50 anos, que não costumam usar preservativos nem nas relações eventuais. A decisão de priorizar as mulheres nessa faixa etária se deve ao aumento da contaminação nesse grupo. Nos últimos dez anos, o número de mulheres que contraiu a doença triplicou, de acordo com dados do governo. Além disso, segundo uma pesquisa do ministério, 72 por cento das mulheres com mais de 50 anos não usam camisinha nas relações com parceiros casuais. "É quase uma questão cultural. Os jovens já cresceram com essa preocupação de prevenção contra a Aids, enquanto as mulheres mais velhas não estão acostumadas", disse a jornalistas o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao destacar que a maioria das mulheres infectadas tem relações matrimoniais estáveis. Em 1996, havia 3,7 casos de Aids em cada grupo de 100 mil mulheres com mais de 50 anos, enquanto em 2006 a incidência subiu para 11,6 casos da doença. Temporão afirmou ainda que a campanha também terá como foco secundário os homens brasileiros. "O machismo ainda é forte no Brasil, e é o homem quem dita as normas e impõe o padrão de comportamento", afirmou. "A idéia é colocar a mulher como um ator fundamental da relação sexual e não em um papel secundário. Queremos uma democratização da questão sexual", acrescentou Temporão. A campanha será veiculada nas principais cadeias de rádio e TV do Brasil a partir desta sexta-feira, uma semana antes do início do Carnaval, e a peça publicitária batizada de "Bloco da Mulher Madura" é protagonizada por mulheres com mais de 50 anos que alertam para a necessidade do uso da camisinha. "É um erro achar que as mulheres com mais de 50 anos jogam peteca ou baralho. Elas continuam fazendo sexo", declarou o ministro. O ministério também vai reforçar durante o Carnaval a distribuição de preservativos em todo país. Além dos 45 milhões de camisinhas distribuídos mensalmente, mais 10 milhões de preservativos serão disponibilizados durante a folia. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 630 mil pessoas no Brasil teriam HIV, mas 255 mil delas desconhecem que são portadores do vírus da Aids. "A doença no Brasil está estabilizada e, nos últimos anos, o ganho na sobrevida e na qualidade de vida foi excepcional", avaliou Temporão, que não espera mais atritos com a Igreja Católica com a nova campanha anti-Aids. "Eles rezam e oram, e nós trabalhamos contra a doença", ironizou o ministro, que no início de seu mandato já teve atritos com a Igreja. (Por Rodrigo Viga Gaier)

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