Sem emprego, se uniu a um amigo e decidiu produzir e vender miniaturas de capacete no Viaduto Santa Ifigênia, Centro de São Paulo. A dupla só não contava esbarrar em uma das recessões mais profundas da história do País. Hoje, comemoram quando chegam ao fim do dia com quatro peças vendidas. Até o fim do ano passado, conseguiam negociar 20 peças. Cada uma é vendida R$ 10. “Alguns dias são ainda piores. Chorando, eu consigo vender duas peças.”
Nos períodos de alta de desemprego, o comércio ambulante acaba se tornando uma opção para quem perdeu o emprego. A União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco), por exemplo, já notou um aumento de comércio ambulante na região.
Atualmente, de acordo com a Prefeitura de São Paulo, aproximadamente 2,5 mil comerciantes possuem Termo de Permissão de Uso (TPU) e estão autorizados a comercializar mercadorias na cidade. Desde 2007, a Prefeitura não emite mais TPUs para ambulantes. Hoje, as licenças são emitidas para quem vende comida de rua. Até fevereiro, eram 632.
O cenário de crise no comércio ambulante também fica evidente no relato dos trabalhadores mais antigos. O boliviano Zenon Cori, de 31 anos, é vendedor desde 2009. Ele diz nunca ter enfrentando um período tão difícil. Por dia, consegue R$ 50 vendendo as pulseirinhas que produz. “No auge, eu conseguia R$ 300.”
Zenon mora em Osasco e o que gasta em passagem consome praticamente metade do que consegue ganhar. Com a queda na renda, já atrasou o aluguel. O quadro financeiro só não é pior porque a esposa trabalha no setor de limpeza e ajuda nas despesas da casa. “Só não vou deixar a minha filha passar fome”, diz.