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Nas ruas de SP, mais ambulantes

O trabalho ambulante foi a saída encontrada por Wagner Oliveira Soares, de 32 anos, para conseguir uma renda mensal. Sem receber salário, ele decidiu, em agosto do ano passado, pedir demissão. Trabalhava em uma empresa de autopeças, um dos setores da indústria mais prejudicados pela crise atual. 

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Por Redação
Atualização:

Sem emprego, se uniu a um amigo e decidiu produzir e vender miniaturas de capacete no Viaduto Santa Ifigênia, Centro de São Paulo. A dupla só não contava esbarrar em uma das recessões mais profundas da história do País. Hoje, comemoram quando chegam ao fim do dia com quatro peças vendidas. Até o fim do ano passado, conseguiam negociar 20 peças. Cada uma é vendida R$ 10. “Alguns dias são ainda piores. Chorando, eu consigo vender duas peças.”

Wagner, que vende miniaturas no centro de SP, comemora se vende quatro peças no dia Foto: Felipe Rau/Estadão

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Nos períodos de alta de desemprego, o comércio ambulante acaba se tornando uma opção para quem perdeu o emprego. A União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco), por exemplo, já notou um aumento de comércio ambulante na região.

Atualmente, de acordo com a Prefeitura de São Paulo, aproximadamente 2,5 mil comerciantes possuem Termo de Permissão de Uso (TPU) e estão autorizados a comercializar mercadorias na cidade. Desde 2007, a Prefeitura não emite mais TPUs para ambulantes. Hoje, as licenças são emitidas para quem vende comida de rua. Até fevereiro, eram 632.

O boliviano Zenon Cori vende artesanato no Viaduto Sta. Efigênia, centro de São Paulo, desde 2009 Foto: Felipe Rau/Estadão

O cenário de crise no comércio ambulante também fica evidente no relato dos trabalhadores mais antigos. O boliviano Zenon Cori, de 31 anos, é vendedor desde 2009. Ele diz nunca ter enfrentando um período tão difícil. Por dia, consegue R$ 50 vendendo as pulseirinhas que produz. “No auge, eu conseguia R$ 300.” 

Zenon mora em Osasco e o que gasta em passagem consome praticamente metade do que consegue ganhar. Com a queda na renda, já atrasou o aluguel. O quadro financeiro só não é pior porque a esposa trabalha no setor de limpeza e ajuda nas despesas da casa. “Só não vou deixar a minha filha passar fome”, diz.

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