Nordestinos voltam para casa depois de ''enricar''

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Por Rodrigo Burgarelli e Cremilda Aguiar
Atualização:

Na contramão dos estrangeiros, nordestinos deixam a capital e voltam para casa. Segundo o IBGE, mais pessoas saíram de São Paulo para o Nordeste nos últimos anos do que o contrário, o que reverteu um fluxo de migração histórico de um dos grupos mais relevantes na composição populacional da cidade. No começo desta década, só para se ter uma ideia, um em cada cinco moradores da capital havia nascido em algum Estado nordestino. Manuel Virgílio do Nascimento e sua mulher Raimunda, que na década de 90 passaram dois dias em um ônibus com dez de seus 23 filhos, entre Primeira Lagoa (RN) e São Paulo, já encararam a viagem de volta. Antes, porém, ele "fez a vida" na capital. Trabalhou numa fábrica de refrigerantes e só voltou para casa após se aposentar.A questão cultural explica em parte a migração de retorno. "A ligação com o Nordeste é muito forte. "Enricar e voltar" é o lema desses imigrantes", diz José Marcos da Cunha, professor de Demografia na Unicamp e pesquisador do Núcleo de Estudos de População (Nepo). Os planos do desempregado Ivanildo dos Santos, de Vitória da Conquista (BA), encaixam-se nessa ideia: "Quero juntar dinheiro, voltar pra Bahia e montar um negócio". Outros motivos explicam a volta dos imigrantes, diz o geógrafo e professor da PUC Paulo Moraes: saturação do mercado de trabalho paulista e aumento de emprego e salário no Nordeste. Entre 2003 e 2008, a renda do nordestino cresceu mais de 42%. A média do País foi 28%.

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