Novas operações da Polícia Militar em favelas do Rio deixam dois mortos

Uma das mortes ocorreu no Complexo da Maré, na zona norte, e a outra na comunidade do Rola, em Santa Cruz, na zona oeste

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Por Fabio Grellet e Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - Mais dois suspeitos foram mortos nesta quarta-feira, 5, durante duas operações promovidas pela Polícia Militar em favelas do Rio de Janeiro para combater o tráfico de drogas. Uma das mortes ocorreu no Complexo da Maré, na zona norte, onde 12 pessoas foram presas. A outra foi na comunidade do Rola, em Santa Cruz, na zona oeste, onde duas pessoas foram presas.No Rola foram apreendidas 123 trouxinhas de cocaína e 163 de maconha, 101 sacolés de uma substância conhecida como desirée e dois rádios transmissores. Na Maré, um balanço parcial divulgado nesta tarde dava conta da apreensão de uma pistola. Também houve uma incursão policial em Costa Barros, na zona norte, onde policiais recuperaram um caminhão roubado.Morro do Juramento.  Embora a Polícia Militar do Rio afirme que os seis supostos traficantes mortos nesta segunda-feira, 3, durante operação no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na zona norte, foram baleados durante troca de tiros com PMs, a Polícia Civil também investiga a hipótese de as vítimas terem sido executadas pelos policiais.

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Os 20 PMs do 41.º Batalhão (Irajá) serão intimados a prestar depoimento e os 19 fuzis que eles portavam durante a operação, submetidos a exames de confronto balístico para determinar de quais armas partiram os tiros que mataram os suspeitos. As informações são do delegado Deoclécio de Assis, da 27.ª DP (Vicente de Carvalho). Por enquanto, porém, o caso é investigado como autos de resistência (mortes de suspeitos em confronto com a polícia).

Após a operação, na manhã de terça-feira, a PM informou que os suspeitos foram socorridos e morreram a caminho do hospital. Mas duas fotos publicadas em rede social mostram as vítimas deitadas no chão em meio a poças de sangue, no local do confronto. Após analisar essas imagens, o legista aposentado Leví Inimá de Miranda, que trabalhou na Polícia Civil do Rio e no Exército, afirmou que, ao contrário do informado pela PM, os seis suspeitos morreram no local do suposto confronto. Segundo ele, ao retirá-los da favela e levá-los ao hospital, os PMs pretendiam desfazer o local do crime para dificultar a perícia.

"Nas fotos está claro que todos já estavam mortos, pela posição dos corpos no chão, pela quantidade de sangue incompatível com a vida e pelo comportamento dos PMs, que não demonstravam estar preocupados em socorrer os feridos. Além disso, não há nenhuma arma na foto. Por que os PMs desfizeram o local do crime? Para esconder a execução", disse o perito. A PM afirmou ter apreendido com os suspeitos quatro fuzis AK-47, duas pistolas, granadas e drogas.

As duas fotos foram veiculadas pelo perfil "PMERJ FEM" no Facebook na terça-feira à tarde, mas à noite foram retiradas. A legenda das fotos afirmava se tratar de uma resposta às mortes da soldado Alda Castilho, de 26 anos, atacada por traficantes na frente da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Parque Proletário, no complexo da Penha, na zona norte, no domingo, 2, à tarde, e do soldado Rogério Rocha dos Santos Junior, que trabalhava na UPP Camarista - Méier, também na zona norte, e morreu baleado durante uma tentativa de assalto no sábado à noite, quando estava de folga. A Polícia Militar informou que esse perfil no Facebook não é oficial. As fotos foram anexadas ao inquérito da 27.ª DP e serão confrontadas com o laudo pericial. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio pediu informações à Polícia Civil e também vai investigar a suspeita de execução.Três dos seis mortos não tinham anotações criminais.

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