Novo presidente da CNI será de Minas Gerais

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Por Ivana Moreira e BELO HORIZONTE
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Os mineiros finalmente conseguiram chegar à presidência da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), onde, desde 1954, há uma espécie de rodízio entre paulistas e nordestinos. O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e do grupo Orteng, Robson Andrade, será o candidato da chapa única nas eleições para suceder o atual presidente, o deputado federal Armando Monteiro Neto, de Pernambuco.A eleição será em maio e o novo presidente toma posse em outubro. Na prática, porém, Andrade poderá assumir o comando da CNI a partir de 1º de junho. Armando Monteiro Neto deixará o cargo para disputar uma vaga ao Senado pelo PTB. O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que é vice-presidente, deveria assumir o lugar como interino. Mas também tem pretensões políticas e vai se afastar da CNI.Nos bastidores da política mineira, há quem garanta que a ascensão de Robson tem relação com as pretensões nacionais do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). Conhecido por implementar um modelo de gestão pública em parceria com o empresariado mineiro, Aécio precisava ter como aliada uma entidade de repercussão nacional. E, em termos de repercussão, só mesmo a CNI para conseguir espaço na mídia equivalente ao da Fiesp, já que a voz da Fiemg não costuma ser ouvida fora de Minas.Robson Andrade jura que sua indicação à sucessão de Armando Monteiro Neto não tem relação com Aécio. "Claro que, em Minas, a gente tem muito orgulho do que fez o governador Aécio, mas a CNI não tem relação com política." Coincidência ou não, diante de 3 mil convidados de todo o País - entre eles José Serra - na semana passada, durante a solenidade de inauguração do novo centro administrativo do Estado, Aécio Neves fez questão de registrar que Robson Andrade levaria Minas Gerais ao comando da CNI.O presidente do grupo Orteng, que atua no setor de energia e faturou R$ 600 milhões no ano passado, foi ganhando terreno nos últimos oito anos em que ocupou a presidência da entidade mineira. A pedido de José Alencar, um ex-presidente da Fiemg, Robson Andrade foi o primeiro líder de entidade industrial a declarar apoio, em 2002, ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. E, ao mesmo tempo, o primeiro a encarnar o que acabou sendo apelidado de "Lulécio"- o apoio ao petista Lula à Presidência da República e ao tucano Aécio para o Palácio da Liberdade.O último mineiro que ocupou a presidência da CNI foi também o fundador e primeiro presidente da entidade. Euvaldo Lodi esteve no comando da confederação entre 1938 e 1954. Eleição com chapa única, mandatos longos, além da alternância entre paulistas e nordestinos, são marcos na história da entidade que, há dois anos, completou 70 anos de atuação.

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