Novo sistema agiliza pesquisas astrofísicas

Inpe inaugura conjunto de antenas para monitoramento do clima espacial e obtenção de imagens de alta resolução do Sol, estrelas em formação e galáxias.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Já estão instaladas e funcionando as primeiras cinco antenas de um novo sistema destinado ao monitoramento do clima espacial e obtenção de imagens de alta resolução para estudos de Astrofísica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Chamado, por enquanto, de Protótipo do Arranjo Decimétrico Brasileiro (PBDA) e inaugurado oficialmente nesta terça feira, 22 de abril, em São José dos Campos, São Paulo, o conjunto ainda será transferido para Cachoeira Paulista, onde permanecerá em definitivo. No segundo semestre deste ano, outras 27 antenas serão interligadas às primeiras 5 e sistema deixa de ser um protótipo. Até o início de 2005, o conjunto se completa, com um total de 38 antenas, cada uma com 5 metros de diâmetro, instaladas numa faixa de 1,5 km de largura por 2,5 km de extensão. "É o primeiro rádio-interferômetro do Brasil, com mais de 50% de tecnologia desenvolvida no país, incluindo toda parte de suporte e controle das antenas, receptores, filtros, sintetizadores e sistema mecânico", explica o físico e doutor em Astrofísica José Ceccato, do Inpe, responsável pelo monitoramento do clima espacial e perturbações solares. Segundo ele, através da integração de sistemas de alta tecnologia digital e sistemas tradicionais de amplo uso em interferometria de ondas de rádio, o BDA possibilitará a amplificação das imagens de astros e galáxias, com boa visibilidade de detalhes, além do acompanhamento de fenômenos, à razão de 10 imagens por segundo. "Tal agilidade nos permitirá estudar, por exemplo, os processos dinâmicos de explosões solares, tempestades geomagnéticas, radiações ionizantes e outros fenômenos capazes de produzir perturbações, que interferem no funcionamento de satélites artificiais", diz. "Além disso, alcançaremos auto-suficiência na determinação de janelas de lançamento de satélites, através do monitoramento do clima e de eventuais interferências nos sistemas de lançamento ou comunicação com veículos espaciais, o que se convenciona chamar de clima espacial". O monitoramento interessa à Agência Espacial Brasileira (AEB), que assim adquire autonomia nos lançamentos de veículos e satélites brasileiros. Mas, como este será o único rádio-inteferômetro localizado na América Latina, também interessa a instituições da Europa e Estados Unidos, pois hoje existe uma lacuna na obtenção de dados deste tipo, em função da distância entre os conjuntos de antenas existentes. O projeto do BDA começou a ser discutido no final de 1996 e foi aprovado como projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em 2001. O financiamento foi de R$500 mil, incluindo os recursos da Fapesp e o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Sua montagem envolveu uma equipe de cerca de 40 pessoas, entre técnicos, engenheiros e pesquisadores. Além dos 5 cientistas e 5 pós-graduandos do Inpe, sob coordenação geral de Hanumant Sawant, participam da equipe especialistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Poços de Caldas. Os brasileiros ainda contaram com a colaboração de duas instituições da Índia: o Indian Institute of Astrophysics (IIA), que doou o sistema correlacionador digital, considerado o "coração" do sistema, e o National Centre for Radio Astrophysics do Tata Institute of Fundamental Research (NCRA-TIFR), que colaborou no desenvolvimento e testes do sistema de rastreio das antenas. A Universidade de Berkeley, dos Estados Unidos, e o Nobeyama Radio Heliografo, do Japão, também contribuíram.

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