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Obama faz estilo popular em busca de voto de trabalhadores

Por JEFF MASON
Atualização:

De mangas arregaçadas, Barack Obama apresentou na segunda-feira um novo estilo de campanha, na busca pelo voto operário que até agora tem ido para sua rival Hillary Clinton na disputa pela indicação democrata à Casa Branca. Obama, que lidera a disputa interna, perdeu na semana passada a primária da Pensilvânia em grande parte devido ao apoio da classe operária branca a Hillary. O senador disse na sexta-feira que iria afinar sua campanha e lembrar ao público da sua origem humilde. Foi o que ele fez na segunda-feira, de gravata, mas sem paletó. Falou de religião, lembrou que foi criado por uma mãe solteira e disse à platéia que preferia ouvir muitas perguntas em vez de perder tempo com um longo discurso. "Quero que vocês levantem o capô, chutem os pneus, me levem um pouquinho para um test-drive", disse ele no começo do seu primeiro evento. Eventos com eleitores são, aliás, parte da mudança. Nos últimos dias, Obama realiza mais "town hall-meetings", encontros com grupos de eleitores, do que grandes comícios. Antes subia ao palanque ao som de uma música alta; agora, normalmente ele começa ouvindo alguém da comunidade falar dos problemas econômicos locais. Antes parcimonioso nas entrevistas coletivas, Obama concedeu três nos últimos quatro dias. No domingo, deixou-se filmar indo à igreja em Indiana, algo que habitualmente evita. Já a campanha de Hillary diz que ela manterá a estratégia voltada para questões econômicas, que lhe valeu vitórias em Estados importantes, onde os democratas precisam vencer na eleição geral de novembro para impedir que John McCain dê um terceiro mandato presidencial consecutivo aos republicanos. "Enquanto o senador Obama recauchuta seu discurso para alcançar os eleitores da classe média e da classe trabalhadora, a senadora Clinton vai continuar fazendo o que fez com sucesso em Ohio e Pensilvânia --falar com aqueles norte-americanos que dão duro para viver e precisam de uma defensora na Casa Branca", diz uma nota assinada por Howard Wolfson, diretor de comunicação da campanha. Segundo ele, enquanto Hillary é a preferida nos Estados que mais se preocupam com a situação econômica, Obama "continua indo mal com junto a eleitores da classe operária, gerando sérias preocupações sobre sua capacidade de competir com sucesso em importantes Estados industriais eleitoralmente estratégicos". Nos dias que antecederam à primária da Pensilvânia, o tom negativo entre ambos cresceu, apesar das promessas de ambos os lados de que o partido chegará unido a novembro. Obama disse na segunda-feira que evitará esse tom negativo no resto da campanha --a começar pelas disputas do dia 6 em Indiana e Carolina do Norte. "Vou passar o tempo todo falando de vocês e de como vamos garantir que vocês possam viver o seu sonho americano", afirmou. Numa indireta a Hillary, disse que não é do seu interesse cortejar os superdelegados democratas --dirigentes partidários e ocupantes de cargos eletivos que podem votar em quem quiserem na convenção de agosto. Em desvantagem no número de delegados eleitos, Hillary precisa do apoio maciço desses superdelegados para se sagrar candidata. (Reportagem adicional de Deborah Charles em Washington)

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