CONTROLE
A marca da obstinação podia ser vista no esforço para cumprir suas metas à frente de Pernambuco, quando controlava seu governo na ponta dos dedos.
Todos os secretários prestavam conta pessoalmente ao governador sobre as 720 metas estabelecidas com a população no começo do segundo mandato, mas nem por isso ficavam longe das cobranças diárias de Campos por meio de um grupo no WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens, ou das críticas pelos atrasos que ele conseguia monitorar direto do seu tablet.
Quando desconfiava que suas exigências não estavam sendo cumpridas, gostava de surpreender o interlocutor. Foi assim durante a construção do Hospital Dom Hélder Câmara.
Campos havia fechado um acordo com a construtora e os trabalhadores para que houvesse um terceiro turno de trabalho afim de concluir a obra. Ao analisar as imagens da câmera instalada na obra percebeu que não havia trabalho no turno da noite, segundo um auxiliar. Sem avisar ninguém, Campos se dirigiu até o canteiro de obras e foi atendido por um atônito vigia que se apressou a pegar o rádio e chamar o chefe para avisar da visita inesperada.
Essas histórias de cobrança por resultados podiam ser colhidas aos montes entre integrantes do governo pernambucano e demonstram o quanto Campos gostava de manter as coisas sob o seu controle.
Para os adversários, esse controle era visto como traços de coronelismo, já que a figura do governador parecia ser onipresente nos demais Poderes e nas administrações municipais.
Campos, porém, não costumava alimentar ódios pessoais nesse terreno. Exemplo disso era a aliança fechada com o experiente senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), seu antecessor no governo estadual e grande rival de Arraes em Pernambuco.
No início de 2013, embalado pelo desempenho notável do PSB, do qual era presidente nacional, nas eleições municipais do ano anterior, Campos disse à presidente Dilma Rousseff (PT) que não negociaria o apoio do seu partido à sua reeleição antes de 2014.
Conforme os meses foram passando, porém, Campos mudou de ideia e estratégia. Entre setembro e outubro o PSB deixou seus cargos no governo Dilma e, numa reviravolta eleitoral impressionante, filiou Marina para ser sacramentada meses depois sua companheira de chapa como candidata a vice na corrida presidencial.
TEMPO COM A FAMÍLIA
Casado com Renata, Campos era uma pessoa de pouco luxo e não gostava de ostentar riqueza, segundo um político conhecido do ex-governador.
Pai de cinco filhos, o último deles nascido no início deste ano, Campos gostava de uma boa música brega para relaxar. Se o intérprete fosse o cantor Reginaldo Rossi melhor ainda. O socialista também era fã do cantor e compositor de forrós Maciel Melo.
Com essa trilha sonora, na varanda de casa com a família e com os amigos, Campos conseguia relaxar um pouco nos finais de semana, quando até se arriscava a tocar violão.