Oito concorrerão à presidência de República Centro-Africana; aumenta violência no país

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Por Redação
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Parlamentares da República Centro-Africana selecionaram neste domingo oito candidatos, incluindo dois filhos de ex-presidentes, a concorrer a presidente interino do país, após meses de turbulência e mortes entre facções. Os membros da assembleia de transição devem escolher um dos oito nomes na próxima segunda-feira para ser o presidente interino, depois que o então chefe de Estado Michel Djotodia renunciou ao cargo por não conseguir conter o derramamento de sangue no país. Quem assumir a posição terá o enorme desafio de reconstruir uma das nações mais esfaceladas da África -- destruída por um conflito interno que, segundo advertiu um oficial das Nações Unidas na última semana, poderia se transformar em um genocídio. Neste domingo uma multidão matou dois homens que seriam mulçumanos, carregou os corpos pelas ruas da capital Bangui e atearam fogo neles. O país, ex-colônia francesa e sem saída para o mar, entrou em absoluto caos em março de 2013 quando uma coalizão rebelde majoritariamente muçulmana, o Seleka, marchou até a capital Bangui, iniciando uma onda de assassinatos. A resposta veio com uma milícia cristã conhecida como "anti-balaka". Seleka e o grupo anti-balaka continuaram com esporádicas retaliações, apesar da presença de 1.600 soldados franceses e 5.000 missionários da União Africana que vieram negociar a paz entre os lados. Segundo o vice-presidente da assembleia de transição Lea Koyassoum Doumta, entre os candidatos está o prefeito de Bangui Catherine Samba-Panza, o filho do ex-presidente Andre Kolingba, Desiré Kolingba, e o empresário Sylvain Patasse, filho do ex-presidente Ange-Felix Patasse. Para se credenciarem ao cargo, os candidatos tiveram de mostrar que não tinham ligação alguma com o Seleka ou com o anti-balaka. O que muitos deles, especialmente os filhos do ex-presidentes, já têm é experiência com o conflito que vem assolando a nação. O general Andre Kolingba chegou ao poder após um golpe militar em 1981 e comandou a nação até 1993, quando foi derrotado por Ange-Felix Patasse em eleições democráticas. Kolingba morreu em Paris em fevereiro de 2010. Patasse, por sua vez, ficou à frente da República Centro-Africana durante dois mandatos, mas consecutivos motins nas forças armadas fizeram com que ele perdesse a eleição seguinte para o ex-presidente François Bozize em 2003. Patasse morreu em Camarões em 2011. A República Centro-Africana já viu cinco golpes de estado e várias rebeliões desde que conquistou sua independência em 1960. O país é um dos mais pobres da África, apesar de suas ricas reservas minerais. Mais de um milhão de pessoas já fugiram do país por conta da violência e mais de mil foram mortas no último mês somente na capital Bangui, segundo as Nações Unidas. Ministros do Exterior da União Europeia devem votar na segunda-feira a favor do envio de mil soldados para ajudarem a estabilizar a República Centro-Africana. O país deve ter eleições novamente em fevereiro de 2015, de acordo com um tratado assinado pelo Conselho da Assembleia de Transição do país em março de 2013. (Por Paul-Marin Ngoupana e Emmanuel Braun)

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