PUBLICIDADE

Oito imóveis vizinhos à Igreja Renascer continuam interditados

Imóveis da Rua Robertson foram interditados porque uma das paredes laterais do templo poderia desabar

Por Marcela Spinosa e do Jornal da Tarde
Atualização:

"Achei que o estrago seria menor", disse o representante comercial Marassoré Morégola, de 66 anos, ao entrar pela primeira vez em sua casa, vizinha da Igreja Renascer em Cristo, no Cambuci, região central de São Paulo, na segunda. O imóvel é um dos oito interditados pela Defesa Civil após o desabamento do telhado da construção no último dia 18, que deixou nove mortos e pelo menos 121 feridos. Morégola soube do acidente durante uma viagem num cruzeiro em que comemorava 45 anos de casado. Veja também:Galeria de fotos: imagens do local e do resgate às vítimas Todas as notícias sobre o desabamento na Igreja Renascer    Os imóveis da viela em "T" da Rua Robertson, altura do número 319, foram interditados porque uma das paredes laterais do templo, com 12 metros de altura, poderia desabar sobre eles. A parede foi nivelada no domingo, o risco de queda foi reduzido, mas os moradores ainda não podem retornar para os imóveis. As famílias desalojadas podem entrar nas casas todos os dias com agentes da Defesa Civil, entre meio-dia e 13 horas, enquanto os funcionários da Diez Demolidora, empresa responsável pela obra, fazem uma pausa para o almoço. Fim da viagem No dia do acidente, ele havia embarcado, às 17h30, com a mulher,Vera Lúcia, a filha Simone e o genro para um cruzeiro até Maceió. Eles souberam do desabamento em alto-mar. "A viagem acabou na hora. A impressão era que aquilo não tinha acontecido. Mas ainda bem que meu genro nos levou para viajar", disse o representante comercial. Morégola afirmou estar satisfeito porque a fachada de sua casa não foi destruída, mas ficou decepcionado quando chegou à edícula. "Por mais simples que seja, a gente nunca espera ver nossa casa destruída", comentou. O telhado de seis imóveis geminados ficou destruído. O desabamento causou danos na edícula, parte do escritório e no banheiro da imóvel dos Morégola. Na edícula, ele e a mulher esperavam salvar um objeto de valor sentimental. "Tomara que os cristais de 200 anos que minha tia deixou de herança não tenham quebrado. Mas ainda bem que não estávamos em casa porque meus netos passam o fim de semana conosco", disse Vera Lúcia. Prejuízos Além dos cristais, no cômodo havia ainda um freezer, uma máquina de lavar, uma batedeira, máquinas de fazer pão, além de documentos do Conselho de Segurança (Conseg) da região, do qual Morégola é integrante. O representante comercial acredita que também terá prejuízos financeiros porque trabalha em casa e guarda o mostruário dos produtos que vende na edícula. "Estou deixando de fazer negócios, deixando de ganhar", afirmou. Morégola e a família estão hospedados em um apartamento no Hotel Comfort da Vila Mariana, na zona sul, até que a Defesa Civil libere os imóveis interditados, o que ainda não tem data definida para acontecer. Ele disse que a Renascer está arcando com as despesas e ainda não sabe se entrará com um processo contra a Igreja. "O principal é que a Renascer nos procure para conversar dentro da humildade para acertar os custos da reforma", afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.