Ombudsman de direitos humanos na Rússia critica sentença de Pussy Riot

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Por GABRIELA BACZYNSKA
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O ombudsman dos direitos humanos da Rússia chamou nesta quinta-feira de "excessivas" as penas de prisão dadas às três mulheres da banda punk Pussy Riot e advertiu que o caso estava inflamando tensões perigosas dentro da sociedade. O trio foi condenado por vandalismo motivado por ódio religioso por um tribunal de Moscou em 17 de agosto após cantar uma música com palavrões contra o presidente russo, Vladimir Putin, no altar da principal catedral de Moscou em fevereiro. Vladimir Lukin, que foi originalmente nomeado para seu papel consultivo por Putin, disse que ele poderia contestar a condenação de Nadezhda Tolokonnikova, Maria Alyokhina e Yekaterina Samutsevich se seus termos de prisão fossem confirmados em uma apelação. "É uma contravenção que em um Estado europeu normal e civilizado, como a Rússia, isso seja tratado no administrativo e não no procedimento penal. É por isso que eu acho que a decisão sobre essas mulheres é excessiva", afirmou ele em entrevista coletiva quando perguntado sobre o caso. Governos ocidentais e cantores têm condenado as sentenças como desproporcionais e o caso se tornou uma causa célebre na mídia ocidental, onde a maioria dos comentaristas ecoa a opinião da oposição russa de que o veredicto era parte de uma repressão aos dissidentes por Putin. No entanto, o Kremlin tem denunciado a crítica estrangeira como politicamente motivada. Muitos crentes ortodoxos russos disseram que também foram ofendidos com o protesto, parte de uma onda de manifestações contra Putin antes de sua eleição para a Presidência em março para um terceiro mandato. As mulheres afirmaram que não tinham a intenção de ofender e protestavam contra os estreitos laços entre o Estado e a Igreja Ortodoxa Russa, cujo líder comparou os anos de Putin no comando como um "milagre de Deus" algumas semanas antes do protesto da banda. Lukin, um ex-parlamentar liberal e ex-embaixador nos Estados Unidos, disse que o ato das mulheres não era um crime, mas um "delito um tanto grave". Ele disse que esperava que um tribunal de apelações fosse "considerar mais cuidadosamente todos os aspectos deste caso" e que como ombudsman ele tinha o direito de contestar o veredicto assim que entrasse em vigor, se ele acreditasse que os direitos humanos foram violados. "Se a sentença permanecer a mesma... vou analisar isso exaustivamente", disse. Os advogados das mulheres informaram que esperam apresentar um recurso na próxima semana.

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