OMC evita fracasso, mas negociações continuam em risco

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Por ROBIN POMEROY E LAURA MACINNIS
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As negociações da Rodada Doha foram salvas do fracasso na terça-feira, mas ainda correm sério risco, especialmente por causa da disputa de China e Índia contra países exportadores de alimentos, como EUA, a respeito de salvaguardas a seus pequenos agricultores. Os ministros participantes do evento em Genebra dizem que vão buscar soluções para este e outros impasses no nono dia da reunião ministerial -- a mais longa da história da OMC. Mas eles admitem que o fracasso continua sendo uma possibilidade concreta. "Se as pessoas não querem este acordo, não há um acordo melhor vindo, e é preciso considerar, se este fracassar, o que eles têm a perder", disse o comissário (ministro) europeu de Comércio, Peter Mandelson, antes de chegar para a reunião de terça-feira. Uma fonte oficial afirmou que durante a madrugada as negociações estiveram "a um minuto" de serem suspensas, mas que em seguida foi lançado um novo esforço em busca de acordo. A chamada Rodada Doha do comércio global foi lançada em 2001, com o objetivo de ajudar os países pobres por meio das exportações. Há a percepção de que o encontro ministerial de Genebra é a última chance de concluir o tratado antes que o processo seja atropelado pelo calendário eleitoral dos EUA e por outros fatores políticos. Neste momento, o principal entrave é o chamado "mecanismo especial de salvaguardas", destinado a proteger pequenos produtores rurais de países pobres contra enxurradas de importações e quebras nos preços. Alguns países em desenvolvimento, como Paraguai e Uruguai, são contra esse mecanismo, alegando que os priva de importantes mercados em outros países em desenvolvimento. A China, que participa de sua primeira rodada de negociações na OMC, acusou os EUA de fazerem exigências excessivas aos países pobres. "O ponto crucial das atuais sérias dificuldades que surgiram nas negociações da Rodada Doha é que, tendo protegido seus próprios interesses, os Estados Unidos estão pedindo [aos países em desenvolvimento] um preço alto como o céu", disse o ministro chinês de Comércio, Chen Deming, na noite de segunda-feira à agência estatal de notícias do seu país, a Xinhua. Acrescentando mais um atrito à pauta, nove países da UE (um terço do total, entre eles a influente França) exigiram na segunda-feira que o bloco negocie termos melhores para si. Cerca de 30 representantes de alguns dos principais países da OMC discutem desde a semana passada em Genebra formas de reduzir subsídios agrícolas e derrubar tarifas de produtos agrícolas, industriais e de serviços, que são os principais objetivos da Rodada Doha. (Reportagem adicional de Doug Palmer e James Mackenzie em Paris)

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