ONU diz que missão de paz em Darfur pode fracassar

Força conjunta ainda não recebeu equipamentos necessários.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

A força de paz conjunta da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Africana para a região de Darfur, no oeste do Sudão, poderá fracassar caso não receba helicópteros e caminhões, disse nesta quarta-feira o chefe da ONU para operações de paz, Jean-Marie Guéhenno. A missão, composta por 26 mil homens, deverá ser enviada à região dentro de seis semanas. No entanto, caso os governos não colaborem com os equipamentos necessários, o envio das tropas poderá ser adiado, disse Guéhenno. De acordo com o representante da ONU, para conseguir cumprir sua missão de levar segurança à região em conflito há mais de quatro anos, as tropas necessitam de seis helicópteros de ataque e 18 de transporte. Segundo Guéhenno, outra ameaça à missão é falta de um acordo com o governo sudanês a respeito da constituição das tropas. O Sudão quer que a força seja formada principalmente por soldados de países africanos e já manifestou seu descontentamento com a proposta de que homens da Tailândia, do Nepal e da Noruega sejam incorporados à missão. A ONU afirma que, ainda assim, três quartos dos integrantes da força de paz serão africanos. Segundo a correspondente da BBC na ONU, Laura Trevelyan, as tropas alternativas oferecidas por outros países africanos não têm o padrão exigido para a missão. "Se essas questões não forem resolvidas, isso significa que a missão em 2008... não terá condições de fazer a diferença que o mundo espera que ela faça e poderá ser um fracasso", disse Guéhenno. A formação de uma força de paz conjunta para atuar em Darfur foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU em julho deste ano. Desde 2004, uma força de paz da União Africana, composta por cerca de 7 mil soldados, atua na região. Essa força, no entanto, não é considerada suficiente para levar a paz e a segurança a Darfur, onde mais de 200 mil pessoas foram mortas e pelo menos 2 milhões tiveram de deixar suas casas desde o início do conflito, em 2003. As hostilidades se iniciaram depois que um grupo rebelde começou a atacar alvos do governo, alegando que a região estava sendo negligenciada pelas autoridades sudanesas em Cartum. A retaliação do governo veio na forma de uma campanha de repressão. Há relatos de intenso bombardeio de vilarejos por aviões da força aérea, seguidos de ataques das milícias Janjaweed, formadas por africanos muçulmanos de origem árabe. Refugiados e observadores externos afirmam que há uma tentativa deliberada de se expulsar a população negra africana de Darfur. O governo do Sudão admite a existência de "milícias de auto-defesa", mas nega que tenha ligações com os Janjaweed e diz que as acusações são exageradas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.