ONU: índios brasileiros mostram frustração com governo

PUBLICIDADE

Por JAMIL CHADE
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) adverte que há uma "grande frustração" por parte dos grupos indígenas no Brasil em relação ao governo e que o seqüestro de seu funcionário David Martins Castro não é um protesto contra as Nações Unidas, mas sim contra Brasília. Ontem, a ONU passou o dia trabalhando nos bastidores pela liberação de seu funcionário, seqüestrado pelo grupo indígena cinta-larga desde sábado, em Rondônia. Uma das medidas foi colocar o grupo especial de segurança da ONU em contato com as autoridades brasileiras para a troca de informações. Na sede das Nações Unidas, delegações estrangeiras não disfarçavam comentários de que o incidente não seria positivo para a imagem do País. A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Louise Arbour, interrompeu as comemorações do 60ª aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos para tratar do assunto. Em entrevista, afirmou que o oficial da Organização das Nações Unidas conta com imunidade diplomática e que estava em missão para conhecer a situação dos indígenas no Brasil. Segundo ela, David Castro foi à região a convite dos indígenas. Mas seu escritório admitiu mais tarde que achava estranho que o oficial tenha ido sem seguranças. O governo também se queixou de que não sabia de sua visita. "Estamos em constante contato com o governo brasileiro e com a diplomacia brasileira para conseguir a liberação de David Castro", disse a Alta Comissária. "Sabemos por enquanto que ele está em boa situação e sua família já foi alertada sobre o incidente", disse. David Martins Castro tem nacionalidade espanhola e foi apanhado pelos índios na Reserva Roosevelt.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.