ONU lança apelo por US$ 187 milhões para ajuda a Mianmar

Subsecretário pede que país 'repense' atitude e facilite apoio de equipes estrangeiras.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

O subsecretário-geral de ajuda humanitária das Nações Unidas e coordenador das operações em Mianmar, John Holmes, lançou nesta sexta-feira um apelo por uma ajuda de US$ 187 milhões para as vítimas do ciclone Nargis. "O apelo que estamos lançando oferece um plano preliminar coordenado da comunidade humanitária para complementar os esforços de ajuda do governo de Mianmar e fornecer assistência aos sobreviventes", disse Holmes. O apelo foi lançado em um momento em que o Programa Mundial de Alimentos da ONU enfrenta um impasse com o governo militar de Mianmar, que apreendeu um carregamento com suprimentos para as vítimas do ciclone. Holmes pediu que o governo birmanês "repense" sua atitude em relação às permissões para que equipes internacionais entrem no país para ajudar as vítimas. Apreensão O Programa Mundial de Alimentos da ONU está em negociações com o governo depois da apreensão de 38 toneladas de suprimentos. O carregamento confiscado, bolachas energéticas em quantidade suficiente para alimentar 95 mil pessoas, ficou em um armazém e "aparentemente sob responsabilidade pessoal do ministro do Bem-Estar Social", segundo a agência da ONU. O governo birmanês negou ter confiscado os alimentos e afirmou que apenas assumiu o controle da distribuição da ajuda. De acordo com o correspondente da BBC em Bangcoc, Jonathan Head, o governo de Mianmar afirma que seus próprios soldados podem distribuir os suprimentos. O Programa Mundial de Alimentos informou que apenas sete toneladas de suprimentos conseguiram chegar até as áreas mais atingidas na região do delta de Irrawaddy. A agência da ONU chegou a anunciar a suspensão dos vôos com ajuda para Mianmar, mas depois afirmou que vai retomar as entregas no sábado, enquanto as negociações continuam. Ajuda limitada Centenas de milhares de pessoas estão sem água, alimentos ou abrigo em Mianmar. Autoridades dizem que muitas dessas pessoas podem morrer porque a ajuda não está chegando até elas. O governo afirma que pouco mais de 22 mil pessoas morreram em decorrência da passagem do ciclone, mas teme-se que o número de vítimas seja muito mais alto. O embaixador britânico para Mianmar, Mark Canning, diz que fontes confiáveis já falam que o número de mortos e desaparecidos pode ficar entre 63 mil e 100 mil pessoas. Até agora, Mianmar aceitou ajuda limitada, de países com quem mantém boas relações como China e Tailândia, além de quatro vôos com suprimentos enviados pela ONU e um comitê da Cruz Vermelha Internacional. O representante de Mianmar junto à ONU, embaixador Kyaw Tint Swe, agradeceu nesta sexta-fera a solidariedade e a generosidade da comunidade internacional e disse que o país está disposto a aceitar ajuda de todos os cantos do mundo. O embaixador declarou ainda que o primeiro vôo com ajuda dos Estados Unidos deve chegar a Mianmar na segunda-feira. Mais cedo, o diretor regional do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Tony Banbury, disse temer que o referendo nacional marcado para sábado possa prejudicar ainda mais as negociações. "Eles terão um referendo", afirmou Banbury. "Não sei quais canais estarão abertos para nos comunicarmos com as autoridades e para encorajá-las a reverter esta decisão lamentável." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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