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Oposição troca crise no Senado por CPI da Petrobras

Por NATUZA NERY
Atualização:

A crise do Senado Federal passou longe do plenário nesta terça-feira. Em vez das denúncias que atingem a instituição e seu presidente, senador José Sarney, a oposição concentrou artilharia sobre a CPI da Petrobras. Não houve cobranças para que o chefe do Congresso deixasse o cargo. "Nós centramos fogo na CPI. Sem número, você não provoca nada, é uma questão aritmética", disse o líder do DEM, senador José Agripino (RN). Trata-se de um redirecionamento tático. Diante do cenário eleitoral, PSDB e DEM concluíram: é melhor retomar os ataques e as investigações contra o governo do que alimentar a crise -- ruim não só para Sarney, mas para todo senador que deseja disputar mandato no ano que vem. Em 2010, dois terços da Casa passarão pelo crivo das urnas. Tanto democratas como tucanos advogaram pela licença de José Sarney do comando da Casa. Por ora, decidiram tirar o pé do acelerador. A mudança de estratégia foi definida em uma reunião da cúpula dos dois partidos oposicionistas nesta manhã. O efeito da decisão foi imediato. O clima no plenário desta tarde foi completamente diferente da última terça-feira. Ao contrário da semana passada, José Sarney presidiu a sessão. Ninguém falou na crise. Há exatos sete dias, o peemedebista vivia um calvário. Pressionado, chegou a pensar em renúncia. Foi salvo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interessado na governabilidade. "A crise está no colo do presidente Lula e do PT", alfinetou Agripino, negando estar lavando as mãos em relação às denúncias que atingem a Casa e o parlamentar que a lidera. O PT queria o afastamento temporário de José Sarney, mas nunca formalizou a proposta como posicionamento da bancada. Haverá uma reunião na quarta para deliberar sobre o assunto. "Eles mudaram o jogo. O motivo, eu não sei", disse o senador Aloizio Mercadante (SP). JUDICIÁRIO NA POLÍTICA A disputa pela instalação da CPI da Petrobras pode parar no judiciário. O PSDB ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal se a CPI não for implantada. O governo vem fazendo manobras para evitar a investigação política. A base aliada, com maioria da comissão, não dá quórum à sessão que formalizaria o início do inquérito parlamentar. A oposição, por outro lado, promete obstruir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se o impasse não foi resolvido. Os tucanos pediram que Sarney resolvesse o problema e garantisse a instalação, mas o senador disse que era impedido pelo regimento. O partido deu prazo até a tarde de quarta-feira. Do contrário, irá ao STF. "Para mim, Petrobras é parte da crise", ponderou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

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