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Órgão da Unifesp rejeita saída do câmpus de Guarulhos

Após críticas, Conselho de Assuntos Estudantis aprova moção na qual pede permanência de instituição na cidade

Por Paulo Saldaña
Atualização:

O Conselho de Assuntos Estudantis (CAE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aprovou moção pela permanência no Bairro dos Pimentas, em Guarulhos. A manifestação veio após um grupo de professores entregar um dossiê à reitoria defendendo a saída da Unifesp do local, como o Estado revelou. Docentes que defendem a saída da Unifesp da cidade afirmam que a moção atropela o debate.No dossiê, professores dizem que o câmpus é isolado geográfica e culturalmente e não acrescenta nada ao bairro carente. A má localização prejudicaria pretensões de excelência e integração dos cursos e colaboraria para os altos índices de abandono e baixo nível dos ingressantes.A moção refuta esses argumentos. Defende que a cidade tem condições de abrigar o câmpus da Unifesp no bairro e que as dificuldades não são decorrentes da sua localização. O CAE é um dos cinco conselhos da universidade e tem 43 representantes do corpo docente, técnico e de alunos de todos os câmpus."O bairro lutou pela universidade e o processo de melhorias estava progredindo. Esse dossiê foi inoportuno", disse o presidente do CAE e pró-reitor de Assuntos Estudantis, Luiz de Salles Neto. Ele ressaltou o processo avançado para desapropriar um terreno onde deve ser construída a moradia estudantil. Além disso, está certa a criação de uma linha de ônibus entre a Estação Itaquera do Metrô e o câmpus, que tem 3 mil alunos e enfrenta queixas de falta de infraestrutura e dificuldade de acesso desde a inauguração, em 2007.A entrega do dossiê intensificou a briga entre grupos contra e a favor da mudança do câmpus. Ambos dizem que têm apoio da maioria dos professores. Favorável à permanência, o professor Marcos Cezar de Freitas, diretor acadêmico da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) - nome oficial da Unifesp Guarulhos -, afirma que a universidade ganha muito com o bairro. "Ela já está enraizada. E o que fazer com o dinheiro gasto com a viabilização do câmpus?", questiona.Ele lembra que USP e Unicamp também instalaram câmpus em locais distantes de equipamentos culturais. E isso não as isolou. "Não estamos em um deserto, mas em lugar onde vivem 300 mil pessoas. E à periferia só a universidade pública pode chegar. Não faz sentido expandi-la para os centros."Precipitação. Para o professor Juvenal Savian, um dos que pedem a saída de Guarulhos, a moção foi precipitada. "Amanhã (hoje) temos a reunião que oficializará o debate sobre o tema." O início dessa discussão em uma comissão foi aprovado pelos professores na semana passada. "A universidade tem de ser cosmopolita. Pode estar na periferia, mas com espírito cosmopolita."Savian afirma que algumas unidades do câmpus, como Filosofia e História da Arte, possam se mudar para São Paulo - independentemente da expansão para o centro de Guarulhos, cujo processo já está em andamento.

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