10 de julho de 2012 | 03h04
No centro dessa dificuldade de acesso, diz o relatório da Comissão Global sobre Aids e Leis das Nações Unidas, está a legislação internacional sobre patentes e a pressão dos países ricos sobre os pobres para impedir a produção e a aquisição de genéricos. Mudar o Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (Trips, na sigla em inglês), diz o relatório, é essencial para combater a epidemia global de aids.
A flexibilização da Trips, feita há dez anos, abriu brechas para a quebra de patentes ao dizer que a lei deveria ser interpretada "à luz do objetivo de promover o acesso a medicamentos para todos". Diversos países, entre eles Brasil, Índia e África do Sul, usaram esse caminho para diminuir o custo de seus programas de distribuição de retrovirais.
Em 2007, ao aprovar a licença compulsória do Efavirenz, o governo brasileiro diminui em 71,8% o custo do remédio. No entanto, para os países mais pobres, esse caminho é pouco viável. Sem condições de produzirem suas próprias drogas, eles não têm condições de melhorar o acesso ao tratamento.
"Dez anos depois, alguns governos e companhias farmacêuticas estão ativamente minando os direitos e tentativas dos países usarem a flexibilização da Trips", diz o relatório.
Propostas. A comissão propõe que a Secretaria-Geral das Nações Unidas estude uma nova lei de patentes para os produtos farmacêuticos que leve em conta a necessidade de saúde para todos. Também exige que os países desenvolvidos parem com a pressão sobre os mais pobres.
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