País prega método que indica culpados por efeito-estufa

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Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

O Brasil decidiu tirar dos arquivos a proposta de uma metodologia que possa medir a responsabilidade histórica dos países na emissão dos gases que provocam o efeito-estufa e reapresentá-la na Conferência das Partes sobre o Clima (COP 19), que começa na segunda-feira, 11, em Varsóvia. A ideia, apresentada, originalmente, em 1997, durante as negociações do Protocolo de Kyoto, foi reativada pelo Brasil e será uma maneira de contrabalançar a pressão dos países industrializados para que os emergentes assumam metas equivalentes de redução das emissões. Nas últimas conferências, a exigência de que os países em desenvolvimento aceitem a responsabilidade de reduzir as emissões na mesma medida que os desenvolvidos tem travado avanços significativos para uma proposta que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 2020. No acordo atual, as metas para os países mais pobres são voluntárias, enquanto os ricos têm reduções obrigatórias. A diretora da Convenção sobre o Clima das Nações Unidas, Christiana Figuerres, afirmou que a igualdade entre países industrializados e emergentes será a questão central do encontro. "Estamos falando da responsabilidade pela elevação da temperatura no planeta. Desde 2009, fixou-se como limite o aumento de 2 graus, que não é causado pelas emissões atuais, mas pela concentração de gases na atmosfera", afirmou o embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho, subsecretario de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e negociador-chefe do Brasil na conferência. "Essa ferramenta permite aos países averiguar sua participação na elevação da temperatura com comprovação científica" - o método permitiria dizer de quem é a culpa pelo aquecimento global e, consequentemente, quem teria de agir mais para evitá-lo.Serviria também para os emergentes mostrarem que, apesar de as emissões atuais muitas vezes rivalizarem ou mesmo passarem a dos países ricos - como é o caso da China, hoje o maior emissor do mundo -, a responsabilidade histórica está do lado de lá. Carvalho afirma que o Brasil decidiu retomar a proposta, engavetada desde 1997, a pedido de "vários países", até mesmo alguns industrializados, mas preferiu não nomeá-los. A proposta é também uma forma de fazer pressão para que se comece a encaminhar um acordo para a COP 21, em Paris, que deverá fechar um novo protocolo que substitua Kyoto a partir de 2020. Como em Copenhague, a ideia é que Paris seja uma cúpula de chefes de Estado, para decidir. A esperança, no entanto, é que não repita do fracasso de 2009. Por isso, o Brasil pretende pressionar para que o compromisso de evitar o aquecimento do planeta além dos 2 graus seja cumprido, até mesmo com ações voluntárias já.

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