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Países ricos agora são os grandes endividados

Por Débora Thomé
Atualização:

O mundo se prepara para uma explosão de dívidas brutas dos governos nos próximos anos. Com uma novidade: agora os grandes endividados são os países ricos. Pelos cálculos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2011, países como Estados Unidos ou França deverão ter uma dívida bruta de quase 100% do Produto Interno Bruto (PIB). A média da zona do euro pode chegar aos 93%. Enquanto isso, no Brasil, o crescimento foi bem menor e está nos 66,8% do PIB.A Grécia é a bola da vez, próxima de estourar. Com um déficit orçamentário anual de 12,7% do PIB e uma dívida equivalente a 112%, ela está fazendo com que a União Europeia discuta a solução do problema. Isso porque, pelas regras da comunidade, o limite para o déficit é de 3%. A história da crise na Grécia é mais uma. Países como Bélgica ou mesmo a Itália podem enfrentar também sérios problemas. Há anos, a dívida italiana vem sendo equilibrada acima dos 100% do PIB. Ela chegou a cair um pouco, mas recentemente voltou a subir. Já a Bélgica conseguiu um forte ajuste fiscal, mas, desde 2007, voltou a aumentar seu endividamento. O economista Fabio Giambiagi, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), diz que "nunca antes na história deste planeta" houve um aumento tão rápido nas dívidas brutas, isso por causa da "magnitude do fenômeno e o curto espaço de tempo" em que se elevaram. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, a dívida estava em 61,8% do PIB em 2007 e, se a expectativa da OCDE se confirmar, chegará a 99,5% em 2011: quase 40 pontos porcentuais em apenas 4 anos."Mesmo o Japão, que era conhecido por sua administração exemplar, pode vir a ter uma dívida equivalente ao dobro do seu PIB", comenta.As causas da alta no endividamento são facilmente identificadas: crescimento menor e gastos maiores, principalmente após a crise. As consequências ainda não são muito claras, mas uma delas poderia ser uma reversão no que foi a história dos riscos - e dos juros - até hoje. "Só daqui a três, quatro anos é que vai se saber o que vai acontecer", afirma Giambiagi.

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