Papa distorce fatos sobre preservativos, diz revista médica

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Por Redação
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A respeitada revista médica Lancet acusou na sexta-feira o papa Bento 16 de distorcer evidências científicas a fim de promover a doutrina católica, ao declarar que os preservativos aumentam a difusão da Aids. Em editorial intitulado "Redenção para o papa?", a publicação britânica pediu ao papa que se retrate de comentários feitos na semana passada, e disse que qualquer coisa aquém disso será um imenso desserviço ao público e aos ativistas que lutam conta a doença. "Quando qualquer pessoa influente, seja um líder religioso ou político, faz uma falsa declaração científica que pode ser devastadora para a saúde de milhões de pessoas, ela deve se retratar ou corrigir os registros públicos", disse o editorial. "Ao dizer que os preservativos exacerbam o problema do HIV/Aids, o papa distorceu publicamente evidências científicas para promover a doutrina católica nessa questão." Durante a sua primeira visita à África, o papa disse a jornalistas que a Aids é um problema que "não pode ser superado pela distribuição de preservativos: pelo contrário, eles ampliam (a epidemia)." A declaração provocou inúmeras críticas de autoridades sanitárias, ativistas e políticos, para os quais a declaração foi irrealista, não-científica e perigosa. A Igreja prega que a fidelidade dentro do casamento heterossexual e a abstinência são as melhores formas de conter a Aids. O Vaticano afirma também que os preservativos podem induzir a comportamentos de risco. Especialistas afirmam no entanto não haver evidências científicas de que o uso de preservativos estimulem as pessoas a assumirem mais riscos sexuais, e que na verdade os estudos comprovam que os preservativos reduzem o risco de contrair o vírus HIV. Há cerca de 33 milhões de portadores do vírus no mundo todo, a maioria na África subsaariana. Não há cura para a doença, que já matou 25 milhões de pessoas em menos de três décadas. (Reportagem de Michael Kahn)

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