Paquistão ''pode decretar estado de emergência''

''Possibilidade está em discussão'', diz vice-ministro de Informação.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente do Paquistão, o general Pervez Musharraf, não descarta a possibilidade de decretar estado de emergência no país, disse o vice-ministro de Informação, Tariq Azeem. "A possibilidade de decretar estado de emergência está em discussão, assim como outras possibilidades", disse Azeem, ressaltando, porém, que a medida talvez não seja necessária. "Não posso dizer que será esta noite, amanhã ou mais tarde. Esperamos que não aconteça." Canais de TV paquistaneses chegaram a informar que a declaração de estado de emergência era "iminente". A questão será discutida em uma reunião de gabinete presidida por Musharraf, nesta quinta-feira. Azeem disse que as ameaças dos Estados Unidos de lançar uma operação nas áreas tribais do Paquistão e os recentes ataques a chineses no país são alguns dos fatores levados em conta. "Além disso, a situação na fronteira e os atentados suicidas também são motivo de preocupação", afirmou. O governo de Musharraf vem enfrentando problemas políticos e de segurança. O recente confronto entre forças de segurança e estudantes islâmicos em uma mesquita na capital, Islamabad, além dos protestos provocados pela demissão do presidente Suprema Corte do país agravaram a situação. Segundo analistas, caso o estado de emergência realmente seja decretado, um dos primeiros reflexos seria no Judiciário, afirma o correspondente da BBC em Islamabad Syed Shoaib Hasan. A medida limitaria o poder dos tribunais, restringiria liberdades civis e a liberdade de expressão. Também permitiria que o presidente adie as eleições nacionais, marcadas para o final deste ano. Com isso, Musharraf poderia continuar no papel de chefe do poderoso Exército do Paquistão. Partidos de oposição querem que o presidente abandone esse papel. "O estado de emergência é um grande passo, e o governo deveria pensar duas vezes antes de decretá-lo", disse a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto. "Espero que uma medida tão drástica não seja tomada. Será um retrocesso para o país." As declarações do vice-ministro paquistanês foram feitas pouco depois de Musharraf ter dito que não participaria de um conselho tribal (chamado jirga) de três dias no Afeganistão para discutir o combate ao terrorismo. O presidente disse que compromissos em Islamabad o impedirão de comparecer à reunião, que começa nesta quinta-feira. O primeiro-ministro do Paquistão, Shaukat Aziz, irá em seu lugar. Foram convidados para o encontro cerca de 700 líderes tribais, clérigos islâmicos e líderes do Paquistão e do Afeganistão. O Talebã, que não foi convidado, está convocando um boicote à reunião. O porta-voz da Presidência do Afeganistão, Humayun Hamidzada, disse que o governo afegão lamenta a decisão de Musharraf de não participar do conselho e que o general representaria uma importante contribuição ao debate. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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