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Para brasileiros, com bolsa ou sem, benefícios de estudar fora ofuscam custos

Custos muitas vezes mais baixos e educação de qualidade são atrativos para estudantes

Por Pablo Uchoa
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Quando a fluminense Stephanie Antunes e o paulistano Guillermo Lagreca puseram na ponta do lápis quanto custaria obter o seu diploma em uma universidade americana, ficaram satisfeitos: considerando as opções de ensino privado e o custo de vida no Brasil, e a qualidade do ensino disponível nos EUA, valia mais a pena fazer as malas. Stephanie, 21, já havia passado dez meses do último ano do ensino médio nos EUA, fazendo um programa de intercâmbio no Estado de Missouri. "Gostei do sistema e queria fazer universidade aqui", disse a jovem à BBC Brasil. Terminada a escola, nem sequer se deu ao trabalho de prestar vestibular. Já Guillermo, 29, filho de argentinos nascido em São Paulo, disse que sempre teve vontade de estudar no exterior. "Sempre tive diferentes culturas presentes na minha vida", contou. "Além disso, aprendi inglês sozinho assistindo à TV e queria provar para mim mesmo que podia passar numa universidade americana e estudar." Ambos são alunos, respectivamente, de graduação e pós na Universidade do Norte do Texas (UNT), na região de Dallas-Fort Worth, uma das instituições mais dispostas a atrair estudantes brasileiros. A universidade chegou inclusive a postar no site YouTube um vídeo endereçado especificamente aos interessados do Brasil, estrelado por alunos como Stephanie e Guillermo. Objetos do desejo Muitas universidades americanas desejariam também que eles protagonizassem um fluxo mais consistente de brasileiros obtendo seus diplomas nos EUA. O país já é um dos destinos prediletos de quem quer estudar inglês, fazer programas de intercâmbio ou ter uma experiência de trabalho no exterior. Mas apenas 8,7 mil brasileiros estão matriculados em universidades americanas, o equivalente a 1,2% do total de quase 700 mil alunos estrangeiros nessas instituições. Na Universidade do Norte do Texas, dos cerca de 36 mil alunos, 3 mil são estrangeiros e desses, apenas 20 são brasileiros. "Tudo isso? Para ser sincero, antes de conhecer a Stephanie, eu até achava que era o único", brinca Guillermo. Para efeito de comparação, o quadro discente da universidade tem 330 chineses e 300 indianos. A razão desta relativa ausência de brasileiros em universidades como a UNT pode ter a ver com as opções gratuitas de ensino universitário no Brasil e os custos de se estudar no exterior. Entretanto, com o aumento da procura por universidades privadas, do poder aquisitivo do brasileiro e, sobretudo, dos custos de vida em casa, a equação virou a favor do estudo no exterior. Custo-benefício Para Guillermo, que terminou o curso de jornalismo dois anos atrás na universidade Mackenzie, em São Paulo, o mestrado em Mídias Emergentes e Comunicação (em média US$ 7 mil por semestre) é apenas um pouco mais alto do que o valor que desembolsou para se formar. Em compensação, o custo de vida na região de Dallas-Fort Worth "não é nada" comparado com o da capital paulista, ele diz. "A educação aqui se torna viável e de muita qualidade quando comparada com a brasileira. Então quando você coloca na balança, às vezes pode até pagar um pouco mais, mas o seu diploma vai valer mais", conclui. Entre os fatores que contribuem para o bom custo-benefício da escolha estão a qualificação dos professores e a estrutura disponível para o aluno. "Você não precisa ir para Harvard para ter uma ótima educação", avalia. Percepção semelhante tem Stephanie, que está no terceiro ano do curso de Marketing de Negócios. Originária de Petrópolis, ela disse que optou pelos EUA depois de comparar os gastos de uma irmã que estuda em Curitiba. A estudante também desfruta de uma bolsa de estudos concedida pela própria universidade a alunos estrangeiros. O financiamento reduz pela metade a anualidade de US$ 15 mil que estudantes de fora do país normalmente pagam. "Acho que é uma vantagem em relação a meus amigos no Rio, que têm tantas dificuldades de encontrar moradias mais baratas, ou que precisam ir de Petrópolis usando o sistema público de transporte", ela diz. "Aqui tudo é tranquilo e seguro. E a qualidade de vida não se compara: tudo é mais barato." Diferencial Mas no fim das contas, onde os estudantes querem que o seu diploma faça a diferença é no seu futuro profissional. Após a graduação, Stephanie conta que pretende seguir a mesma estratégia e permanecer nos Estados Unidos. Talvez dar prosseguimento aos estudos e engatar uma pós-graduação. "Um dia quero voltar para o Brasil, mas quando minha carreira estiver um pouco mais consolidada, eu tiver um pouco mais de experiência trabalhando numa firma aqui e puder aproveitar uma oportunidade melhor no Brasil", planeja. "E eu sei que ter um diploma de uma universidade dos Estados Unidos será uma vantagem no meu currículo, especialmente porque o curso de negócios deles é conhecido." Guillermo, que está estudando as transformações profundas pelas quais o jornalismo está passando por causa das novas mídias, acha que sairá da universidade um "jornalista melhor" que quando entrou. Ele também tem a intenção de permanecer nos Estados Unidos, aproveitando a possibilidade de requerer um visto temporário de um ano que pode ser concedido após a obtenção de um diploma universitário. "É pelo menos um ano para conseguir o emprego, mudar de novo o status do visto e tentar começar a vida aqui", diz. "Eu ficaria com prazer aqui em Dallas ou Dayton, mas surgindo oportunidade em qualquer outro lugar dos Estados Unidos, considero." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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