Para Haddad, elite de SP tem 'pobreza espiritual'

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Por Bruno Ribeiro
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O prefeito Fernando Haddad (PT) classificou a elite econômica de São Paulo como "míope", que tem uma "pobreza espiritual", por não concordar com medidas que recuperem a capacidade de investimento do Município. As declarações foram feitas em entrevista publicada ontem no site da BBC Brasil.As afirmações foram feitas quando o prefeito foi questionado sobre a dívida pública da cidade, hoje em torno de R$ 59 bilhões. "A elite de São Paulo é muito conservadora, a começar pelos meios de comunicação", disse. "Nós estamos vivendo uma crise financeira. Nunca tivemos tão pouca capacidade de investir. Medidas para recuperar a capacidade de investimento da cidade são impopulares", disse, sem citar diretamente a tentativa de aumentar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que foi barrada na Justiça por uma ação movida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).O prefeito afirmou que, caso a capacidade de investimento fosse recuperada, São Paulo "pode se transformar em uma Xangai (China), se quiser". (A cidade) Tem todos os instrumentos. Não há nenhuma cidade comparável a São Paulo no Brasil. Nós respondemos por 12% do PIB (Produto Interno Bruto). Então, nós estamos com uma riqueza privada enorme e uma pobreza de capacidade pública", afirmou Haddad. "Mas essa miopia do poder econômico local vai ser desfeita com o tempo. Nós precisamos insistir e educar a elite econômica da cidade a olhar a cidade com outros olhos", disse o prefeito. Ao ser lembrado que a elite paulistana já contribuiu, no passado, com a formação do Masp, por exemplo, Haddad fez uma avaliação crítica. "Essa (elite) é do passado. Hoje, infelizmente, nós temos um poder econômico amesquinhado e empobrecido do ponto de vista espiritual, mas muito rico do ponto de vista material."Promessa. Na entrevista, concedida em seu gabinete, Haddad também reafirmou a promessa de campanha de criação do Arco do Futuro - um conjunto de medidas para revitalizar as regiões às margens dos Rios Pinheiros e Tietê, além de parte da zona leste da cidade. "O último desenho da cidade é dos anos 1930, de Prestes Maia. Vamos entregar um novo desenho, para os próximos 30, 5o anos", disse.Haddad lembrou que o plano não tem ligação direta com a pouca capacidade de investir porque ele está relacionado à aprovação do novo Plano Diretor, que organiza os investimentos privados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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