Para produzir, País depende de importação

Do total de fertilizantes aplicado nas lavouras brasileiras, 74% vieram de outros países, por falta de matéria-prima

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Por Fernanda Yoneya
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Embora o País seja o quarto maior consumidor de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) do mundo, representa apenas 2% da produção mundial, o que torna o Brasil um ''tomador'', e não um formador de preços. Em 2006, segundo o estudo A indústria de fertilizantes no mundo e no Brasil, da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), do consumo mundial total de 157,3 milhões de toneladas de fertilizantes, o País foi responsável por 8,9 milhões de toneladas. Ainda conforme a Anda, no cenário mundial apenas as reservas de nitrogênio estão ''prontamente disponíveis''; as de fósforo são limitadas e as de potássio estão em ''grande limitação''. Em relação ao nitrogênio, o Brasil representa 2% do consumo e 1% da produção mundial; para o fósforo, o índice da participação nacional é de 8% no consumo e 4% na produção; já o consumo de potássio do País é de 13%, para uma produção de 1%. Em 2007, as importações de adubo representaram 74% do suprimento do insumo no País. De 2,8 milhões de toneladas de nitrogênio consumidas, 75% foram importados. As importações de fósforo representaram 51%, de um total de 3,7 milhões de toneladas consumidas; as de potássio atingiram 91%, para 4,2 milhões de toneladas consumidas. SUBSÍDIOS Além do desbalanceamento entre alta demanda e baixa oferta de fertilizantes no cenário mundial, o diretor-executivo da Anda, Eduardo Daher, atribui a alta de preços ao aumento de subsídios para compra de fertilizantes em países como Índia e China e ao aumento dos custos de produção do insumo, sobretudo do petróleo, enxofre, amônia e rocha fosfática, e dos fretes. ''A tonelada do enxofre passou de US$ 119 em 2007 para US$ 594 em 2008. O preço do barril de petróleo subiu de US$ 72 em 2007 para US$ 102 este ano.'' Conforme o gerente-comercial da área de Insumos Agrícolas da Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona do Guariba (Coplana), Alfredo Benzoni Neto, a alta dos fertilizantes surtiu, porém, efeito na indústria. ''A indústria quer a retirada do produto o mais rápido possível, para liberar espaço para receber mais adubo. A rapidez na retirada virou ferramenta de negociação e até garante descontos'', diz. Descontos importantes para o insumo que mais pesa no custo de produção. Segundo a Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia (Carol), o custo de produção da soja é de R$ 1.600/hectare, e o gasto com adubo fica em média em R$ 600 por hectare.

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