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Parada gay leva milhões a pedir por mudanças no Brasil

Por CLÁUDIA FONTOURA
Atualização:

Milhares de gays, lésbicas e transexuais fizeram festa neste domingo em São Paulo, a capital de negócios do Brasil, usando a maior parada gay do mundo para pedir o fim da discriminação e da violência homofóbica. DJs tocaram dance music alojados em caminhões que percorreram de cima a baixo a principal avenida da cidade, toda ladeada por arranha-ceús, enquanto as pessoas na multidão compacta dançavam e celebravam no clima quente e ensolarado com perucas, máscaras ou fantasias, em um verdadeiro carnaval fora de época. "Não sofro preconceito porque normalmente sou muito discreto, mas hoje estou vivendo o momento. Aqui no centro de São Paulo, hoje, todo mundo pode fazer o que gosta", disse Júnior Antenor, de 21 anos, usando uma fantasia de anjo, nas cores prata e branco. Os organizadores esperavam reunir 3,4 milhões de pessoas. A polícia militar no entanto não quis fazer estimativas sobre o número de participantes. Alguns pequenos furtos foram registrados, mas até o início da noite não havia registro de nenhuma ocorrência grave no evento. A Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transsexuais de São Paulo escolheu o lema "Homofobia mata! Por um Estado laico de fato" para a 12a. parada realizada desde que o evento anual começou em 1997, com escassas duas mil pessoas. "Esta é a diversidade que o país quer, a diversidade que nós temos para crescer como um país buscando um nicho turístico entre a comunidade gay", disse a jornalistas a ministra do Turismo e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, num dos trios elétricos que desfilaram. Além de Marta estavam presentes os ministros da Igualdade Racial, Edson Santos, e dos Esportes, Orlando Silva, este último acompanhado da família. As autoridades de São Paulo e a petrolífera brasileira Petrobras também apoiaram o evento, que se tornou uma grande fonte de recursos para a cidade e para o turismo no maior país da América Latina. A Associação também apóia os planos da Federação de Comércio de São Paulo (Fecomércio) de certificar comerciantes e prestadores de serviços que respeitem diversidade de raça, origem étnica, diferenças físicas e orientação sexual. Especialistas em pesquisas disseram no ano passado que os gays no Brasil têm renda acima da média da população e gastam mais em lazer, mas a Fecomércio diz que 40 por cento dos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros sofrem discriminação como consumidores. (Texto de Peter Murphy, com reportagem adicional de Stephanie Beasley)

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