Parentes das vítimas do vôo 1907 participam de missa

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Por Leonencio Nossa
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Cerca de 300 pessoas participaram da missa na catedral da cidade em memória das 154 vítimas do acidente do avião da Gol, ocorrido no dia 29 de setembro de 2006. Parentes dos passageiros do vôo 1907, que há exatos dois anos fazia a rota de Manaus ao Rio, com escala em Brasília, reclamaram da lentidão do processo criminal no Brasil e da demora da Justiça dos Estados Unidos em ouvir os pilotos norte-americanos Jan Paladino e Jean Lepore, do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol. Neuza Machado, mulher do passageiro Valdomiro Machado, reclama da decisão do juiz federal de Sinop (MT), Murilo Mendes, que permitiu a tomada dos depoimentos dos pilotos pela Justiça de Nova York. No mês passado, o próprio Mendes se queixou da lentidão do Judiciário norte-americano. "É preciso perguntar por que eles não vieram ao Brasil prestar esclarecimentos", afirmou Neuza. "O processo está muito lento e a Justiça do Brasil também está lenta." Com o acidente e a busca de respostas, Neuza se familiarizou com termos técnicos e quase incompreensíveis. Passados dois anos, ela avalia que a responsabilidade dos controladores brasileiros de vôo para o acidente é "menor" que a dos pilotos e da empresa de taxi aéreo em que eles trabalhavam, a ExcelAir. "Houve uma sucessão de erros no controle de vôo, mas os controladores são os menos culpados", diz. "A empresa e também a Embraer (fabricante do Legacy), também são responsáveis pois mandaram dois pilotos despreparados e desqualificados ao Brasil", faz coro Salma Assad, tia do passageiro Átila Assad. Tanto Neuza quanto Salma queixam-se da falta de empenho do governo brasileiro, especialmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso. Elas dizem que por questões "diplomáticas" o governo não atuou para que os pilotos permanecessem no País durante a tramitação do processo. "Se brasileiros tivessem feito isso nos Estados Unidos não seriam soltos", afirma Neuza. Ela destaca que Lula nunca recebeu os representantes da famílias das vítimas do acidente da Gol. À tarde, um grupo de parentes dos passageiros do vôo 1907 reuniram-se no Jardim Botânico de Brasília, para plantar 154 árvores em memória das vítimas. Neuza diz que as famílias vão insistir na busca de respostas, para que a tragédia não se repita.

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