Parentes de jornalistas presas pedem clemência à Coreia do Norte

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Por JON HERSKOVITZ
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Parentes de duas jornalistas norte-americanas condenadas a 12 anos de trabalhos forçados na Coreia do Norte pediram que o regime comunista demonstre compaixão. Pyongyang, enquanto isso, ameaçou usar armas nucleares para se defender. A condenação, na segunda-feira, das jornalistas acusadas de violarem a fronteira norte-coreana piorou ainda mais as relações entre Coreia do Norte e EUA, num momento em que a comunidade internacional discute punições a Pyongyang por causa do seu teste nuclear de maio. Analistas dizem que Pyongyang está usando as jornalistas como moeda de barganha com Washington, que há anos oferece estímulos políticos e econômicos para tentar convencer a Coreia do Norte a abandonar seu programa nuclear. "Pedimos ao governo da Coreia do Norte que demonstre compaixão e conceda clemência a Laura (Ling) e Euna (Lee), e que permita que elas voltem para suas famílias", disse nota divulgada por parentes das jornalistas, ligadas ao canal Current TV. As duas profissionais, na faixa dos 30 anos, foram detidas em março na fronteira com a China, num incidente ainda obscuro. Elas foram acusadas de "crimes graves" contra a soberania norte-coreana. Houve manifestações em apoio a elas em várias grandes cidades dos EUA. O misterioso regime comunista mantém prisões onde os detentos são submetidos a excesso de trabalho, alimentação escassa e atos de brutalidade, segundo grupos de direitos humanos e desertores. A Casa Branca disse que o destino dos jornalistas não deve ser condicionado à disputa nuclear com a Coreia do Norte. "Se (os líderes norte-coreanos) as queriam para outros propósitos, teriam aproveitado muito isso na imprensa doméstica", disse B.R. Myers, da universidade sul-coreana Dongseo, especialista na ideologia norte-coreana. "O fato de que isso não tenha acontecido me dá esperança de que uma solução pode ser alcançada." Os mercados em geral minimizaram as ameaças, e analistas dizem que só um conflito militar afetaria as finanças globais. Num sinal da crescente tensão com Seul, um fabricante de casacos de pele se tornou a primeira empresa a abandonar um complexo industrial da Coreia do Sul que funciona em território norte-coreano. Antes símbolo da cooperação econômica, o local agora se tornou um ponto de atrito entre os dois governos rivais. Ameaçada por sanções da ONU devido ao teste nuclear do mês passado, a Coreia do Norte aumentou na segunda sua confrontação com os EUA ao condenar as jornalistas norte-americanas a 12 anos de trabalhos forçados. O regime comunista já ameaçou retaliar com "medidas extremas" caso receba punições adicionais pelos testes nucleares de maio, qualificados no fim de semana como "extremamente provocativos" pelo presidente Barack Obama. (Reportagem de Jack Kim e Kim Junghyun em Seul, Chris Buckley em Pequim Louis Charbonneau na ONU e Caren Bohan em Washington)

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