
25 Maio 2012 | 09h52
A primeira etapa da votação polarizou os egípcios entre aqueles que desejam evitar a eleição de um político religioso e os que temem a volta de políticos ligados ao deposto regime de Hosni Mubarak -- de quem Shafiq foi o último premiê.
A eleição marca o apogeu de uma turbulenta transição desde a revolta que derrubou Mubarak, há 15 meses. Mas o segundo turno pode motivar mais distúrbios, pois adversários de Shafiq prometem sair às ruas se ele for eleito.
Para seus simpatizantes, no entanto, a experiência militar de Shafiq é uma garantia de que ele poderá restaurar a segurança, o que é uma importante reivindicação popular.
Já a vitória de Mohamed Mursi, da Irmandade, pode agravar as tensões entre os políticos islâmicos, que são maioria no Parlamento, e as Forças Armadas, que há 60 anos dominam a política do país e devem manter forte influência depois que a junta militar empossar o novo presidente, em 1o de julho.
Cristãos e liberais laicos, preocupados com suas próprias liberdades e com o futuro do vital setor turístico egípcio, veem com temor as propostas da Irmandade para a adoção de uma legislação islâmica.
"Agora os egípcios vão ter de escolher entre a revolução e a contrarrevolução. A próxima votação será o equivalente a um referendo sobre a revolução", disse à Reuters Mohamed Beltagy, dirigente da Irmandade.
A Irmandade anunciou na manhã de sexta-feira que a apuração dos votos está quase concluída, e que o segundo turno será entre Mursi e Shafiq. Um membro da campanha de Shafiq também disse que esses dois candidatos lideram, mas que a apuração ainda não terminou. Os resultados oficiais estão previstos para terça-feira.
Assessores de outros candidatos admitiram que Mursi lidera, mas apresentaram resultados variáveis sobre a segunda colocação ao longo da noite.
Shafiq, conhecido por seu jeito direto de falar, era o azarão numa disputa em que o ex-chanceler Amr Moussa e o ex-membro da Irmandade Abdel Moneim Abol Fotouh despontavam como favoritos.
Sua ascensão reflete a preocupação de muitos egípcios com a desordem e com a violência política que assola o país desde a deposição de Mubarak.
A direção da Irmandade disse que vai se reunir para "galvanizar os eleitores islâmicos e egípcios para enfrentar o bloco dos 'feloul'", termo pejorativo que alude a remanescentes do regime de Mubarak.
(Reportagem adicional de Tom Perry, Yasmine Saleh, Omar Fahmy, Tamim Elyan e Samia Nakhoul)
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