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Perda com incêndio em armazém de açúcar soma R$ 24 mi

Por CHICO SIQUEIRA
Atualização:

Os prejuízos calculados até agora com o incêndio do armazém de açúcar da Agrovia em Santa Adélia (SP) somam US$ 11,4 milhões, o equivalente a R$ 24,8 milhões. O valor considera a perda de 28 mil toneladas armazenadas no terminal 2, onde o fogo teve início, e os preços do contrato de primeiro vencimento (março) de açúcar negociado no mercado futuro da Bolsa de Nova York nesta terça-feira, 29. Hoje, técnicos da seguradora contratada pela Agrovia Brasil faziam o levantamento da área atingida pelo incêndio. Além dos prejuízos econômicos, há os ambientais, informaram os técnicos.O terminal onde estava estocado o açúcar foi totalmente destruído pelo incêndio e o terminal anexo, ainda maior, com 45 mil toneladas de açúcar, também corre risco de ser atingido. O açúcar, segundo a empresa, pertence a um pool de mais de dez usinas da região, que mantêm contratos com a Agrovia e entregam sua produção na estação de Santa Adélia para ser levada para o Porto de Santos. Segundo a empresa, as usinas serão ressarcidas do prejuízo. A estação movimenta 1,5 milhão de toneladas de açúcar por ano.De acordo com a empresa, não é possível falar em números ainda. Os técnicos da seguradora só concluirão os cálculos após a liberação da área. Até o fim da tarde desta terça-feira, havia focos de incêndio entre os escombros e o tenente-coronel, Paulo Cesar Bento, que comanda a operação, disse que não há prazo para término dos trabalhos. "Nossa tarefa é conter as chamas e evitar que elas atinjam o outro terminal", disse. Bento explicou que a intenção nesta terça-feira era colocar mangueiras por cima do teto de metal que caiu sobre a montanha de açúcar. "Como não vamos conseguir retirar o teto, vamos fazer buracos nele e colocar mangueiras para injetar água." Cerca de 20 mil toneladas de açúcar ainda não queimaram, mas podem servir de alimento aos novos focos de incêndio.Prejuízo ambientalA "cachoeira de caramelo", formada pela água usada pelos bombeiros e açúcar queimado, continua jorrando sobre a avenida José Rossi. As famílias retiradas da região estão alojadas em hotel e casas de parentes. Para amenizar a situação, uma bacia de contenção está recebendo o material, que é sugado por bombas e levado em caminhões das usinas para áreas agrícolas, onde, segundo os técnicos, será usado como adubo nas plantações. A bacia evita que o caramelo continue escorrendo para o rio São Domingos, matando os peixes. De acordo com a Polícia Ambiental e a Companhia de Saneamento Ambiental (Cetesb), mais de duas toneladas de peixes morreram por falta de oxigênio causado pelo despejo de pelo menos 300 toneladas de caramelo.O rio, que nasce em Santa Adélia, tem 50 quilômetros de extensão e banha cinco municípios. De acordo com engenheiro José Mário Andrade, em 25 quilômetros do rio, o nível de oxigenação medido foi de zero. "Esse volume de mortandade será ainda maior, porque a pluma de poluição ainda flutua de sete a 10 quilômetros por dia. E dentro de três a quatro dias estará atingindo a foz do São Domingos, no rio Turvo, matando mais peixes", comentou. Segundo ele, não há o que se fazer a não ser esperar que a pluma se dissolva com a chegada de chuvas ou pelo processo natural de recuperação do rio.A Agrovia informou que o seguro vai cobrir também os prejuízos com a poluição do rio São Domingos, com os danos provocados nas galerias e vias públicas e com as casas dos moradores que foram atingidas pela enxurrada de lama.

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