PERFIL-Escolhido para vice na chapa do PSB é conciliador e representante fiel dos socialistas

À semelhança de Eduardo Campos, o deputado gaúcho Beto Albuquerque (PSB), escolhido para o posto de vice na chapa encabeçada por Marina Silva, é tido como um conciliador hábil, uma liderança que representa os ideais do partido e com disposição e lealdade suficientes para aceitar desafios. Aliados o descrevem como detentor de um bom trânsito político, inclusive entre posições opostas, além de acumular a vantagem de se dar bem com Marina e integrantes da Rede, partido que a ex-senadora tentou criar, sem sucesso, para concorrer às eleições deste ano. Próximo de Campos, morto na semana passada em trágico acidente de avião, Albuquerque empenhou-se fortemente pelo então presidenciável, ajudando na articulação de sua candidatura inclusive no Rio Grande do Sul, concorrendo ao Senado em uma disputa pouco promissora para garantir um palanque ao pernambucano. “Ele tinha uma relação próxima do Eduardo Campos. Desde o começo se empenhou muito em construir alianças para viabilizar a candidatura à Presidência”, disse à Reuters o cientista político Benedito Tadeu Cesar, do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais (Inpro). “Ele partilha dos ideais e do programa de governo, é um nome organicamente ligado ao partido”, avaliou. Logo após a definição de que Marina substituiria Campos na chapa presidencial do PSB, alguns socialistas começaram a ser citados para assumir o posto de vice, mas nenhum deles reunia os predicados do gaúcho: um socialista com raízes no partido, que estivesse comprometido desde o início com o projeto e as propostas de Campos, e que tivesse proximidade com Marina.

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Por MARIA CAROLINA MARCELLO
Atualização:

TRANSGÊNICOS

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Os dois teriam mantido uma boa relação desde a entrada da ex-senadora no PSB, mesmo que no passado o deputado federal tenha divergido de Marina. Ele trabalhou e votou a favor, por exemplo, da medida provisória que autorizou o plantio de soja transgênica no país, ainda no primeiro governo Lula, quando Marina era ministra do Meio Ambiente e se posicionou firmemente contrária à proposta.

Em 2012, Albuquerque deixou a Secretaria de Infraestrutura e Logística do governo de Tarso Genro no Rio Grande do Sul, atendendo na primeira hora ao chamado de Campos, que tinha decidido àquela altura dar início ao seu projeto presidencial, depois do bom resultado do PSB nas urnas na disputa municipal.

Junto com o líder do Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), formaram a dupla que Campos precisava no Congresso para descolar os socialistas do projeto do governo. Já na primeira articulação, emplacaram um candidato à presidência da Câmara, Júlio Delgado, que acabou perdendo para o peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN), e fomentaram a candidatura do senador Pedro Taques (PDT-MT) contra Renan Calheiros na disputa pelo comando do Senado.

A articulação não rendeu vitória, mas ali Campos começou a delimitar seu terreno de oposição ao governo no Congresso e assumiu um protagonismo na disputa muito maior que o PSDB, maior partido de oposição ao governo na disputa.

A ação de Albuquerque, em seu quarto mandato de deputado federal, comprovou sua lealdade ao projeto de Campos e desde então se tornou um dos principais articuladores da campanha presidencial do PSB.

Antes disso, quando os socialistas ainda integravam a base aliada com o PT,  Albuquerque foi vice-líder do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara, quando quem liderava a bancada governista era Henrique Fontana (PT-RS).

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“Ele é uma pessoa que eu prezo muito. É um amigo e alguém que eu respeito muito na política”, disse Fontana, que voltou a liderar a bancada de aliados na Casa. “Acho que ele é um nome que qualifica a política brasileira.”

Nascido em 6 de janeiro de 1963, em Passo Fundo (RS), Albuquerque formou-se em Direito pela Universidade de Passo Fundo (UPF), onde iniciou sua militância política.

O nome escolhido pelo PSB para ser vice de Marina já foi secretário de duas administrações petistas no Rio Grande do Sul --a de Olívio Dutra e a de Tarso Genro.

Em 2009, Albuquerque perdeu o filho Pietro, de 19 anos, que tinha leucemia mieloide e, apesar de ter sido submetido a um transplante de medula, não sobreviveu.

(Reportagem adicional de Jeferson Ribeiro)

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