RUMO À PRESIDÊNCIA
Pouco mais de um ano após sua saída do ministério, Marina decidiu deixar o PT.
Em comunicado ao partido em que iniciou sua carreira política manifestou desacordo com o que enxergava como uma “concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida”.
Onze dias depois estava filiada ao PV, partido pelo qual disputou a eleição presidencial de 2010 levantando a bandeira da sustentabilidade e buscando compensar os parcos 1 minuto e 23 segundos de tempo na TV com a mobilização, especialmente da juventude, nas redes sociais.
Uma arrancada no final da campanha deu à então candidata verde perto de 20 milhões de votos, o que lhe garantiu a terceira posição e forçou um segundo turno entre Dilma e o tucano José Serra.
Agora como candidata à Presidência, Marina embola a corrida presidencial que caminhava para um segundo turno entre a presidente Dilma, que tenta a reeleição pelo PT, e Aécio Neves, do PSDB. Sua presença na disputa praticamente assegura que a eleição não será definida no primeiro turno e lança dúvidas sobre quais serão os dois oponentes finais.
NOVA POLÍTICA
Quatro anos atrás, Dilma e Serra cortejaram Marina em busca de seu capital político, mas a ex-senadora declarou-se neutra no segundo turno daquele ano.
Cerca de três anos depois, partiu de Marina a iniciativa de buscar um nome para legar seu capital político.
Após a eleição de 2010, Marina passou a reclamar de falta de espaço político dentro do PV e decidiu desfiliar-se do partido, passando a buscar o projeto de uma nova legenda, iniciado com a criação do Movimento por uma Nova Política.
A tentativa de criar a Rede Sustentabilidade, no entanto, fracassou apesar de reclamações de partidários de Marina contra o procedimento de checagem de assinaturas dos cartórios eleitorais.
Sem conseguir registrar a Rede no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no início de outubro do ano passado, a ex-senadora ficou com uma decisão a tomar: filiar-se a outro partido para disputar a Presidência ou desistir da candidatura.
Ela escolheu uma terceira alternativa. Entrou em contato com integrantes do PSB e já na noite de 4 de outubro, véspera do prazo final para a filiação visando as eleições deste ano, Campos viajou a Brasília para se encontrar com a ex-colega de ministério.
O anúncio feito em um sábado surpreendeu o mundo político. Marina aliou-se a Campos e o mantra repetido por ambos o tempo todo era o da necessidade de uma "nova política".
A morte repentina do ex-governador pernambucano deixa agora Marina --que até ser confirmada como vice na chapa do PSB à Presidência aparecia nas pesquisas de intenção de voto com desempenho superior ao de Campos-- como principal porta-voz dessa "nova política".